O Globo
LONDRES — O Parlamento britânico aprovou, na noite de terça-feira (03/09), uma moção de urgência para a votação de um projeto de lei que pretende impedir que a saída do Reino Unido da União Europeia aconteça sem um acordo de transição. Foi a maior derrota do primeiro-ministro Boris Johnson desde que ele assumiu o cargo, em 24 de julho, com um discurso de que o Brexit aconteceria “de qualquer maneira” no prazo previsto, 31 de outubro. Foram 328 votos a favor e 301 contra.
Entre os rebeldes estão o neto do ex-premier Winston Churchill, Nicholas Soames , além de dois ex-ministros das finanças, Philip Hammond eKenneth Clarke . Segundo um porta-voz do governo, todos que votaram a favor da moção de urgência serão expulsos do partido.
Soames disse que esse não era o fim do Partido Conservador como conhecemos hoje, mas que “foi uma noite ruim”.
— Isso é exatamente o que eles queriam e eles vão tentar forçar uma eleição geral — afirmou Soames, se referindo a Boris Johnson.
Desde 1894 um premier britânico não era derrotado em sua primeira votação no Parlamento.
Além dos conservadores, também houve dissidências na oposição: dois trabalhistas e três independentes votaram contra a moção de urgência.
A lei, se aprovada, obrigará o premier a pedir à União Europeia uma extensão de três meses do prazo para o Brexit. Com isso, a única possibilidade de um Brexit sem acordo seria se o próprio Parlamento aprovasse a iniciativa — o que é difícil, já que 21 parlamentares do Partido Conservador de Johnson se uniram à oposição para aprovar a tramitação do projeto de lei em regime de urgência. Um deles, Guto Bebb, disse para o primeiro-ministro “se preparar para uma nova derrota”.