Minas Gerais registrou, nos últimos 12 anos, mais de dois acidentes por hora nas rodovias federais que cortam o estado. Isso significa 57 por dia ou 250.140 acidentes no total, sendo quase metade deles (114.673) com vítimas, entre 2007 e 2018. Impressionam também informações das duas BRs mais movimentadas do território mineiro. Números são a expressão do perigo que ronda os caminhos que levam a São Paulo e ao Espírito Santo por meio da 381 e ao Rio de Janeiro e a Brasília nas curvas e retas da 040. As duas registraram mais acidentes com mortos ou feridos que a soma de todas as outras 16 estradas sob responsabilidade da União em território mineiro. Os dados fazem parte do Painel CNT de Consultas Dinâmicas de Acidentes Rodoviários, publicação da Confederação Nacional do Transporte (CNT), divulgado ontem e feito com base em estatísticas da Polícia Rodoviária Federal.
O estado é campeão de um cenário trágico. Num Brasil onde as estradas matam 14 pessoas todos os dias, Minas ocupa o primeiro lugar em número de mortes e de acidentes nas vias de responsabilidade da União. Em números absolutos, foram 7.214 acidentes no ano passado, que resultaram na morte de 693 pessoas – cerca de 13% do total de mortes e de acidentes ao longo da maior malha federal do país (8.854 quilômetros). Sozinho, o estado mata mais que as regiões Centro-Oeste (665 mortes) e Norte (399) e tem mais da metade dos casos da Região Sudeste (1.309), em segundo lugar no ranking nacional, atrás do Nordeste (1.703).
No acumulado de 12 anos, 13.060 vidas se perderam. No ano passado, a cada 100 acidentes com vítimas, 10 pessoas morreram. Desde 2007, foram registrados 250.140 acidentes em Minas Gerais, sendo quase metade deles (114.673) com vítimas. Somente em 2018, houve 69.206 sinistros, dos quais 53.963 tiveram vítimas e em praticamente 10% deles (5.269) elas perderam a vida. No intervalo de tempo analisado pela CNT, o Brasil teve 1,7 milhão de acidentes nas rodovias federais, sendo 751,7 mil com vítimas e 88,7 mil mortes.
O Brasil teve 82 acidentes com vítimas a cada 100 quilômetros em suas rodovias federais, sendo as BRs 116 e 101 as que mais matam no país – 8.896 e 7.524 registros no ano passado, respectivamente. Se forem consideradas as mortes, essas duas rodovias também permanecem nos primeiros lugares (BR-116 com 649, e BR-101 com 615).
Minas acompanha a média nacional – foram 81 acidentes a cada intervalo de 100 quilômetros de estrada. Se em âmbito nacional, a BR-381 está em terceiro lugar entre as que registram a maior quantidade de acidentes no país, nas Gerais ela não deixa de lado o título de “rodovia da morte”, com 2.213 acidentes com vítimas no ano passado e 171 mortes. A BR-040 vem na sequência, com 1.420 acidentes e 130 óbitos. Juntas, as duas registraram 3.633 acidentes. As outras 16 rodovias que constam no Painel de Acidentes Rodoviários somam 3.581. Entre elas, estão as BRs 116, 262 e 251.
De acordo com o levantamento, colisão é o tipo mais comum de acidentes com vítimas país afora, causados, na maior parte, por automóveis (64,6%). Em Minas, as colisões são maioria e responsáveis por 50,3% dos acidentes 65,3% das mortes. Foi o que ocorreu durante grave acidente na BR-381, em Bom Jesus do Amparo, na Região Central de Minas Gerais, na quarta-feira. Um carro, um caminhão e uma moto se envolveram em uma batida que deixou três pessoas mortas. Em seguida, vêm saída de pista (22,2% dos acidentes e 12,6% das mortes) e capotamento ou tombamento (15,5% e 6,8%, respectivamente), entre outros.
O custo anual estimado dos acidentes nas rodovias federais também impressiona: R$ 9,73 bilhões. Valores que têm efeito direto nos cofres também do estado campeão das mortes em rodovias – R$ 1,26 bilhão, em 2018 (13% do total dos gastos com acidentes) – e o deixam na primeira posição do ranking nacional nesse quesito. O segundo colocado é Santa Catarina (R$ 1,05 bilhão), seguido do Paraná R$ 1,03 bilhão) e da Bahia (R$ 620 milhões).
Motocicletas
Em território mineiro, automóvel também foi o tipo de veículo mais envolvido em acidentes com vítimas em 2018 (63,1% do total), seguido das motos (32,7%) e dos caminhões (29,1%). Mas, apesar de ter uma percentagem de praticamente metade da registrada pelo primeiro colocado na distribuição de acidentes, as motos fazem Minas ter posição de destaque no cenário nacional.
Com uma frota de motos que mais que dobrou num intervalo de 12 anos – passou de 1.149.831 em 2007 para 2.520.486 em 2018 –, Minas aparece em segundo lugar no número de mortes de motociclistas. Foram 120 no ano passado, quase a metade do total de pilotos mortos em toda a Região Sudeste (255). O estado fica atrás apenas da Bahia, onde 127 motociclistas morreram no último ano. Quando verificados os acidentes, Minas está em terceiro lugar, com 2.361, atrás de Santa Catarina (3.302) e Paraná (2.575)
Além do painel, a CNT lançou ainda o estudo Acidentes Rodoviários com Caminhões. Em 2018, foram 12.631 acidentes com vítimas envolvendo caminhões.