A Defesa Civil de Mariana, na Região Central de Minas Gerais, realizou um simulado de emergência na manhã deste sábado (21), nas proximidades da Barragem de Germano, a maior estrutura a montante do Brasil. Ao todo, 248 moradores participaram da atividade, 30% a mais que o computado na última edição do treinamento, no ano passado.
Segundo a Samarco, além da empresa privada e da prefeitura local, a Polícia Militar, a Defesa Civil estadual e o Corpo de Bombeiros trabalharam no local. O objetivo foi orientar as pessoas sobre as normas previstas no Plano de Ação de Emergência das Barragens de Mineração (PAEBM).
De acordo com a mineradora, participaram pessoas dos distritos de Camargos, Ponte do Gama, Paracatu de Cima, Paracatu de Baixo, Pedras, Borba e Campinas. Sirenes foram acionadas, mas, como de costume, informaram que se tratava de um simulado.
Ainda conforme a empresa controlada pela BHP Billinton e pela Vale, todo o planejamento da ação contou com a participação de representantes das comunidades.
Os moradores também tiveram atendimento de saúde à disposição durante toda a atividade. Houve, ainda, um planejamento para atendimento de pessoas com dificuldades de locomoção.
Animais de pequeno porte, como cães e gatos, também receberam a vacina antirrábica e os animais de grande porte serão cadastrados para posterior atendimento da Secretaria Municipal de Agricultura.
Descomissionamento
Barragem de Germano é a maior estrutura a montante (mesmo modelo das que se romperam em Brumadinho e Mariana) do Brasil, com capacidade de armazenar 129,5 milhões de metros cúbicos de rejeito. A represa tem 163 metros de altura.
Na legislação mineira, a priori, todas as barragens a montante deveriam ser descaracterizadas até fevereiro de 2022. Contudo, segundo o secretário estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Germano Vieira, algumas empresas podem ter um tempo maior para executar o processo que tira qualquer risco de rompimento das estruturas.
Esse é justamente o caso da barragem que motivou o simulado deste sábado em Mariana.
“A maioria das barragens vão respeitar o prazo de três anos. Nossa diretriz é de cumprir esse prazo. Mas há casos que os empreendedores podem precisar de mais tempo por conta de parâmetros técnicos de engenharia, de segurança e de sustentabilidade”, explicou o secretário ao Estado de Minas, em agosto.
Minas Gerais conta, hoje, com 43 represas a montante. Elas são as que trazem mais risco pela possibilidade de liquefação, ou seja, a passagem do estado sólido para o líquido.
Esse fenômeno causou 19 mortes em Mariana e 249 até este sábado em Brumadinho, além de uma tragédia ambiental sem precedentes no Brasil.
Segundo a Samarco, suas barragens permanecem estáveis, com base em o monitoramento e acompanhamento de consultorias especializadas.
Barra Longa
Na última quinta-feira (19), um simulado também foi realizado na cidade de Barra Longa e nos distritos de Barreto e Gesteira. Duas escolas – uma municipal e outra estadual – participaram da atividade. Ao todo, 647 pessoas participaram do exercício, sendo 557 moradores e 90 organizadores e integrantes de órgãos de resposta.
No município, a participação dos moradores foi aproximadamente 20% maior do que no ano passado. A ação, uma responsabilidade da Defesa Civil do município, também contou com o apoio da Samarco e do Corpo de Bombeiros Militar, da Polícia Militar e da Defesa Civil Estadual.
Em Barra Longa também houve aferição de glicose e pressão dos moradores e os animais de pequeno porte também foram vacinados.