O presidente Mauricio Macri aposta na sua capacidade de atrair uma multidão de partidários neste sábado (28/09) na capital argentina, onde lançará sua campanha de reeleição, em meio a uma grave crise econômica.
Enfrentando uma recessão de mais de um ano e uma inflação indomável, o presidente liberal aspira animar os eleitores para reverter o golpe das primárias de 11 de agosto, quando o peronista Alberto Fernández o superou em 17 pontos e se posicionou como favorito às eleições presidenciais de 27 de outubro.
“Vejo o presidente muito empolgado para fazer acontecer um milagre”, disse o porta-voz do presidente, Ivan Pavlovsky.
Macri, de 60 anos, vai iniciar uma viagem de “30 cidades em 30 dias”. A primeira parada será Barrancas de Belgrano, um charmoso bairro de classe média de Buenos Aires, seu reduto histórico, onde o partido no poder espera atrair mais de 25.000 pessoas.
Com um forte esquema de segurança, o presidente falará ao lado do prefeito da capital, Horacio Rodríguez Larreta.
Macri “deve apostar tudo”, porque se não alcançar a participação esperada, sua campanha termina, estimou o analista político Raúl Aragón.
As pesquisas preveem que, nas urnas, a tendência a favor de Fernández se aprofundará.
– “Parte da solução” –
“Somos parte da solução, não do problema”, disse Macri, que clama por “um pouco mais de tempo para resolver os problemas econômicos”.
O presidente diz que aspira concluir as reformas e ajustar as contas públicas deixadas, segundo ele, uma bagunça por sua antecessora peronista Cristina Kirchner (2007-2015), agora na chapa de Fernández.
Dentro do partido no poder, cresce o medo de “um retorno ao passado” do protecionismo kirchnerista e destacam os dezenas de casos de suposta corrupção que pesam sobre a ex-presidente, que ela atribui a uma perseguição político-judicial.
“É importante ir à marcha para saber que somos muitos, que não estamos sozinhos. Houve muito desânimo (depois dos primárias). Sentimos uma grande tristeza, um retorno ao passado”, declarou o cineasta Juan José Campanella, premiado com um Oscar em Hollywood.
“Eu entendo as críticas do governo e compartilho algumas delas, mas reabrir as portas das celas para as pessoas que nos roubaram me parece um tremendo erro”.
Tal é a previsão eleitoral, que a imagem de Macri praticamente desapareceu das campanhas de outros líderes de sua própria coalizão “Juntos pela Mudança”.
Ao assumir em dezembro de 2015, Macri disse que uma inflação moderada seria “fácil de alcançar”, prometeu “pobreza zero” e previu “uma chuva de investimento estrangeiro”.
A inflação já acumulou 30% entre janeiro e agosto, após atingir 47,6% em 2018; os investimentos não chegaram apesar do apoio político dos Estados Unidos e das potências europeias. A pobreza afeta um em cada três argentinos e o desemprego atingiu seu ponto mais alto em 14 anos (10,6%). A moeda depreciou 68% desde janeiro de 2018.
Uma corrida cambiária em abril de 2018 levou Macri a procurar o Fundo Monetário Internacional, do qual obteve ajuda financeira de US$ 57 bilhões a 36 meses em troca de um rigoroso programa de ajuste fiscal.