Associadas principalmente a maus hábitos alimentares e sedentarismo, as doenças do corpo estão mais conectadas aos sentimentos e emoções do que podemos imaginar. Raiva, tristeza, mágoa, apego e frustrações são só algumas das emoções que predispõem o organismo a dores, infecções e até tumores.
Otorrinolaringologista com abordagem sistêmica do paciente, Dário Antunes explica que os males manifestados no corpo estão ligados não só à genética de cada indivíduo e a fatores externos, como a poluição, mas à forma como cada um de nós assimila o cotidiano.
“É uma combinação entre quem você é, como aborda seus problemas e a maneira como eles afetam sua vida. Mudando o caminho por meio do comportamento pode ser que se previna, eu diria, quase todas as doenças, inclusive o câncer”, observa o médico, que atende no Hospital Madre Teresa, em Belo Horizonte.
Reset na mente
Idealizador do projeto Horta-terapia, que leva pacientes a um encontro coletivo, onde são estimulados a interagir com a natureza, o médico reforça que, embora mudar a frequência da mente para vibrar positivamente seja importante, atividade física e terapias ocupacionais também são fundamentais.
“Estamos conectados o dia inteiro, e nosso cérebro não foi feito para isso. Precisamos dar uma pausa. Como? Com atividades aeróbicas, que fazem o sangue circular mais rapidamente, levando mais oxigênio, nutrientes e anticorpos para as células. E investindo em terapias ocupacionais como pintura e artesanato, que colocam o cérebro em stand-by”, detalha.
Psiquiatra e homeopata em BH, Aloísio Andrade compartilha do ponto de vista. De acordo com ele, são os temperamentos – quatro, no total –, que, como o nome diz, temperam influências genéticas e ambientais predispondo ou preservando o corpo de males físicos e comportamentais.
“Cada um deles tem órgãos mais suscetíveis ao adoecimento: coléricos, coração e sistema circulatório; sanguíneos, rins e suprarrenais; fleumático, fígado e vesículas; e melancólicos, pulmão”, cita, mencionando os órgãos de choque, na denominação da homeopatia, de pessoas influenciadas pelas personalidades.
O especialista reforça que é preciso interpretar as doenças sob aspectos multicausais. “Tudo tem causas maiores, menores e médias. E tudo o que a gente sente, de bom, ruim, as dores, prazeres, tristeza, alegria, pode nos afetar de alguma forma”, diz.
Livro ensina a gerenciar vivências e a proteger o corpo contra pensamentos nocivos
Professora e pesquisadora na área de espiritualidade há mais de 15 anos, a escritora Patrícia Cândido lançou, recentemente, um livro em que trata do assunto, desvendando como sentimentos e emoções impactam na nossa saúde, órgão por órgão, e a forma como podemos evitar que o corpo adoeça.
Em “Código da Alma – Descubra a Causa Secreta das Doenças”, a escritora explica a “fisiologia” dos sentimentos e o caminho que percorrem até se apresentarem no corpo físico. Para ela, tudo é uma questão de escolha.
“Não quer dizer que não possamos senti-los (raiva, tristeza e mágoa, por exemplo), pois todos fazem parte do nosso processo de aprendizado. Importante é tomarmos a ação e fazermos as mudanças necessárias para que a doença não seja cultivada. Quem decide ficar com uma emoção nociva nutre um sentimento que cria raízes, cresce e se espalha”, justifica.
Medo
CEO da instituição Luz da Serra, no Rio Grande do Sul, Patrícia associa emoções e sentimentos maléficos ao medo, que, segundo ela, é a origem de tudo o que adoece o corpo.
“Raiva, mágoa, ansiedade, revolta e toda instabilidade baixam a imunidade. Ao se deparar com o escudo imunológico afetado, a doença se instala”, acrescenta.
No livro, a pesquisadora explica, por exemplo, que enxaquecas estão vinculadas à não conformidade com o ambiente em que se vive ou trabalha; problemas de estômago a emoções viscerais; e alergias respiratórias à dificuldade em lidar e solucionar problemas.