Tráfico de drogas, roubos de carga e até ameaças a agentes de segurança pública. Todos esses delitos eram articulados de dentro da cadeia, em teleconferências, por integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC), em Minas. De acordo com a Polícia Civil, eles chegavam a conversar por até duas horas com outros membros da facção.
Somente nesta quinta-feira (3), 38 pessoas foram alvo de operação deflagrada por autoridades do Estado e do Paraná. Dessas, 30 já estavam atrás das grades.
As investigações começaram em fevereiro, após uma mudança na diretoria da Penitenciária Francisco Sá, no Norte de Minas, não ter sido bem recebida pelo bando. Em áudios e vídeos que circularam na internet, criminosos armados reclamavam do rigor na unidade e faziam ameaças de morte à nova gestão.
Durante oito meses, foram analisadas mais de 34 mil linhas telefônicas nas imediações do presídio. Dessas, duas foram identificadas sendo usadas no interior da unidade.
Entre os assuntos tratados, contabilidade dos “quadros de irmãos” (quantidade de filiados ao PCC) e queixas do preço de um celular na penitenciária: R$ 15 mil. Em outras conversas, envolvendo os detentos e comparsas de São Paulo e do Paraná, eles articulavam a atuação do tráfico de drogas em Minas.
Conforme o delegado Jurandir Rodrigues, há indícios de que os integrantes também tiveram participação em cinco roubos de carga no Triângulo, somando uma quantia de R$ 5 milhões.
Os casos são investigados pela polícia de Uberlândia. “Pelas informações que temos, eles têm participação efetiva nesses crimes”, disse. “Estamos organizados para enfrentar esses problemas e combater a criminalidade”, acrescentou o investigador.
Novo destino
Após a ação desta quinta, 11 detentos, considerados líderes do PCC no Norte de Minas, foram transferidos com autorização da Justiça para presídios federais, informou o também delegado Alberto Tenório Cavalcanti Filho.
Segundo ele, o rigor adotado nesses locais torna mais difícil a articulação dos bandidos dentro das cadeias. “Há isolamento, não tem tomada e a própria visitação é dificultada. Além disso, os presos estão longe dos estados de origem”, detalhou.
Revistas rotineiras
Em nota, a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) informou que revistas e operações são realizadas rotineiramente para retirar objetos ilícitos, como celulares, do interior das celas.
A pasta acrescentou que, durante a visita nos presídios, equipamentos eletrônicos são utilizados para coibir a entrada dos telefones, além da adoção de medidas preventivas, de acordo com o Regulamento e Normas de Procedimentos do Sistema Prisional de Minas Gerais (ReNP).