Se por um lado o show surpresa da cantora Marília Mendonça em Belo Horizonte fez a alegria dos fãs da sertaneja, por outro deixou um rastro de violência – 46 ocorrências foram registradas e 14 pessoas presas. Nesta terça-feira (08/10), a Polícia Militar culpou os organizadores do evento pela bagunça que se formou na Praça da Estação, local que recebeu a apresentação.
De acordo com o porta-voz da corporação, major Flávio Santiago, os organizadores do show omitiram que a apresentação seria da “rainha da sofrência” e subestimaram o público. Sem essas informações cruciais, e sem tempo suficiente para planejar a segurança do evento, o policiamento não foi suficiente para atender as 50 mil pessoas que acompanharam o show.
Com a segurança inadequada, a praça foi palco, além da apresentação de Marília Mendonça, de lesões corporais, tráfico de drogas e furtos. Vários arrastões foram contabilizados e, dos presos, pelo menos cinco teriam relações esse crime. Além disso, duas pessoas foram esfaqueadas.
A PM disse que vai notificar o Ministério Público para que o órgão tome as medidas cíveis e criminais necessárias. “Com segurança não se brinca”, enfatizou o major Flávio Santiago. A organização do show foi procurada pela reportagem, mas ainda não se posicionou.
Sem dados
A polícia informou que a organização do show protocolou um pedido para realização do evento no último dia 3 de outubro. No documento, havia apenas a menção de que seria gravado um documentário, sem citar que se tratava do projeto “Todos Os Cantos”, em que Marília percorre as capitais brasileiras para a gravação de um DVD. No ofício, o público estimado era de 20 mil pessoas.
O pedido foi negado, já que a Praça da Estação tem capacidade para comportar um público máximo de 15 mil pessoas. No mesmo dia, de acordo com Santiago, os organizadores refizeram o ofício, desta vez com público compatível com o espaço. A autorização foi concedida sem, contudo, ter conhecimento de que o espetáculo seria de Marília Mendonça.
De acordo com Santiago, a PM tomou conhecimento de que a cantora seria a atração pelas redes sociais. Só então os organizadores teriam declarado de que o evento seria surpresa.
Planejamento
A PM explicou que teve pouco tempo para agir e montar um esquema de segurança adequado para o show. “A situação só não foi pior por causa da integração entre a PM e a prefeitura. Pessoas poderiam ter sido pisoteadas”, comentou o porta-voz da corporação.
Ele garantiu que o show só não foi embarcado por causa dos transtornos que poderiam ocorrer com essa decisão – como a revolta da público e depredação da praça. “Não somos contra grandes eventos em BH, o que não dá para acontecer é uma irresponsabilidade dessa”, frisou.
Ele lembrou que a cidade está preparada para receber grandes shows, como no Carnaval, que tem público de até 500 mil pessoas. “Já estamos fazendo o planejamento do Carnaval para que a festa aconteça sem problemas”, disse.
Após os transtornos com o show de Marília Mendonça em BH, os órgãos públicos vão mudar algumas regras para liberação e eventos. Até então, os organizadores tinham que pedir autorização com um prazo de dois dias. Agora, esse período será ampliado para 10.
O subsecretário municipal de fiscalização José Mauro Gomes disse que equipes da PBH vão vistoriar a Praça da Estação para levantar os danos provocados no espaço e, dependendo da situação, os organizadores poderão ser cobrados para fazer os reparos.
Todos os cantos
O “Todos os Cantos” é um projeto idealizado pela própria cantora, que pretende gravar uma música inédita em cada capital brasileira. Marília sempre aparece na cidade de surpresa, panfletando nas principais ruas e faz a própria divulgação nas redes sociais. Em BH, ela apresentou e gravou a música “Graveto”.