A Justiça do Peru acatou na quarta-feira (16/10) uma denúncia feita pelo Ministério Público contra o ex-prefeito de Lima, Luis Castañeda Lossio, acusado de receber US$ 980 mil – cerca de R$ 4,08 milhões – das construtoras brasileiras Odebrecht e OAS para a campanha eleitoral de 2014.
Na resolução em que acata a denúncia, o juiz Jorge Luis Chávez Tamariz também aceitou o pedido feito pelo promotor responsável pelo caso, Milagros Salazar, para realizar operações de busca e apreensão em 11 imóveis ligados a Castañeda Lossio.
As acusações do Ministério Público foram feitas com base em depoimentos de delatores que aceitaram colaborar com a equipe especial para a Operação Lava Jato criada pelo Ministério Público do Peru.
Segundo eles, o dinheiro foi pago pelas construtoras em troca de favores ilícitos, como o compromisso de Castañeda Lossio de não interferir nos pedágios das vias administradas pelo consórcio Rutas de Lima, da qual a Odebrecht fazia parte, e da Linha Amarela, gerida pelo consórcio Lamsac, que tinha a OAS como principal acionista.
De acordo com o Ministério Público, a OAS desembolsou US$ 480 mil – quase R$ 2 milhões – para a campanha de Castañeda Lossio à prefeito em 2014. Já a Odebrecht teria repassado outros US$ 500 mil – cerca de R$ 2,08 milhões – para o político peruano.
O dinheiro da OAS teria sido entregue em três parcelas para Martín Bustamante, ex-braço direito de Castañeda, para depois chegar ao ex-congressista José Luna Gálvez, secretário-geral e chefe de campanha do ex-prefeito.
Luna Gálvez teria usado as contas da Universidade Telesup, à época dirigida por ele, para lavar o dinheiro e usá-lo na eleição.
Na época, Luna Gálvez contratou Castañeda Lossio como “assessor acadêmico” da Telesup e pagou a ele 1,7 milhões de sóis peruanos – cerca de US$ 500 mil -, valor que o Ministério Público suspeita ser o fornecido ilicitamente pelas duas empresas.
O ex-prefeito de Lima reconheceu em agosto que a OAS ofereceu dinheiro para sua campanha, mas alegou que não deu nada em troca pela construtora e que o repasse estava “dentro do permitido pela lei”.
No entanto, a legislação peruana limita as doações privadas em eleições em 294 mil sóis – cerca de US$ 75 mil.
Contrariando as declarações de Castañeda Lossio, os delatores afirmaram em depoimento que o ex-prefeito assumiu compromisso com as duas empresas caso voltasse ao poder, como, por exemplo, questionar os preços dos pedágios comprados nas vias geridas pelas construtoras brasileiras.
Em julho, a Justiça do Peru já proibiu Castañeda Lossio de sair do país por 18 meses.
*Com informações da EFE