EXAME
São Paulo — Uma semana após China e Estados Unidos chegarem a um acordo parcial que pode trazer trégua à guerra comercial entre as duas potências, a gestão do presidente Donald Trump mira um novo alvo: a União Europeia (UE). A partir desta sexta-feira (18/10), os EUA passarão a aplicar tarifas de 10% sobre aviões da fabricante europeia Airbus, além de sobretaxas de 25% para vinhos e queijos produzidos no continente.
As sanções chegam após a Organização Mundial do Comércio (OMC) ter autorizado os EUA a impor tarifas de até 7,5 bilhões de dólares em importados europeus na última segunda-feira. A decisão se refere a subsídios ilegais dados por países da Europa à Airbus. Segundo a OMC, integrantes da UE como Reino Unido, França, Alemanha e Espanha falharam ao não eliminar subsídios à Airbus que prejudicaram vendas da concorrente norte-americana Boeing.
Antes mesmo do aval da OMC, no início de outubro, a gestão de Donald Trump já havia anunciado que iria impor embargos sobre produtos europeus. O anúncio colocou mercados de todo mundo em alerta sobre o risco de um novo conflito comercial provocado pelos EUA.
Em carta destinada a empresas italianas, o ministro das Relações Exteriores da Itália, Luigi di Maio, disse que “é possível que a decisão dos EUA venha a desencadear medidas de retaliação da UE, mas pensamos que nem a UE nem os EUA devem se envolver em uma guerra comercial que enfraquecerá os dois lados”.
Logo após o anúncio americano, a União Europeia disse que não ficará de braços cruzados caso as sanções sejam implementadas. “Se os EUA impuseram contra-medidas, forçarão a UE para uma situação em que teremos de fazer o mesmo”, disse o porta-voz da Comissão Europeia, Daniel Rosario. “Esse é um gesto que irá afetar os consumidores e companhias dos EUA e tornará mais complicados esforços no sentido de um acordo negociado”, acrescentou.
A Comissária para Comércio da União Europeia (UE), Cecilia Malmström, lamentou as tarifas nesta sexta.
“Esse passo não nos deixa alternativa além de seguir o mesmo caminho no momento oportuno com nossas próprias tarifas no caso da Boeing, uma vez que foi constatado que os EUA descumpriram regras da OMC”, disse Malmström em comunicado.
Ainda no comunicado, Malmström disse que a Comissão Europeia — braço executivo da UE — vai monitorar o impacto das tarifas dos EUA a bens europeus, em especial no setor agrícola.
“A Comissão Europeia está comprometida a defender empresas, produtores agrícolas e consumidores europeus”, finalizou.
Quando os EUA decidiram impor as primeiras tarifas, também de 25%, sobre produtos chineses, o mundo não imaginava que o conflito entre as potências se estenderia por tanto tempo. Agora, de olho nas eleições do ano que vem, Trump mira a Europa. Onde vamos parar?