As rodovias pavimentadas que cortam Minas estão piores do que no ano passado, precisam de investimento bilionários para melhorias e estão em nível abaixo do que a média do Brasil. Este é o panorama apresentado na 23ª Pesquisa CNT de Rodovias, da Confederação Nacional do Transporte (CNT), divulgada nesta terça-feira (22).
Em Minas, 70,6% das estradas estão em condições ruins, péssimas ou regulares, o que significa que precisam de investimentos massivos para melhorias. Em 2018, eram 61,3% das pistas nestas condições, o que mostra uma piora considerável da infraestrutura da malha rodoviária do Estado.
O levantamento foi feito levando em conta 15,3 mil quilômetros de rodovias federais e estaduais no Estado. Os dados mostram, também, que Minas está aquém da realidade nacional. O índice de estradas com conceito péssimo, ruim ou regular no restante do país é de 59%, ou seja, 11 pontos percentuais abaixo.
Os pesquisadores da Confederação avaliaram as estradas mineiras em três quesitos: sinalização, pavimentação e geometria da via. E foi neste último quesito, que envolve curvas com espaço adequado, presença de acostamentos e tamanho correto de viadutos e pontes que Minas levou a pior nota: 81,7% está aquém do necessário, com 39,5% delas em condições péssimas de geometria.
O principal problema que os avaliadores notaram em Minas no quesito geometria da via foi a falta de acostamento: 58% das estradas não possuem. e em 31,1% dos trechos onde há curvas perigosas, os motoristas não encontram acostamento ou defensa (proteções metálicas nas laterais das curvas).
Contudo, nos outros dois pilares da avaliação, pavimentação e sinalização, Minas também foi reprovada. Segundo a CNT, 61% das pistas do Estado possuem pavimentação indesejável e em 129 km (0,8% do total) a pista está totalmente destruída. A sinalização nas pistas também está imprópria, seja por falta de placas, destruição ou falha na visibilidade, em 58,9% dos trechos.
Soluções
Se os problemas são muitos, a pesquisa mostra que os caminhos para resolvê-los também parecem estar bem longe de um cenário próximo. Só em Minas Gerais, para recuperar os problemas que as estradas apresentam, o poder público deveria investir, de acordo com cálculos da confederação, R$ 6,67 bilhões.
Para se ter uma ideia da discrepância de valores, até setembro deste ano, o governo federal investiu R$ 465,97 milhões na infraestrutura de rodovias mineiras, cerca de 7% do necessário. Os valores investidos por outros entes (Estados, municípios ou iniciativa privada, em caso de rodovias concessionadas) não foram calculados pela CNT.
Para o presidente da CNT, Vander Costa, sem expansão dos investimentos, não será possível expandir e sequer manter as vias rodovias em uso. “É urgente a necessidade de ampliar os recursos para as rodovias brasileiras e melhorar a aplicação do orçamento disponível”, afirma. Segundo ele, “a priorização do setor nas políticas públicas e a maior eficiência na gestão são imprescindíveis para reduzir os problemas nas rodovias e aumentar a segurança no transporte”.
Outros números:
- Prejuízo gerado com custos de acidentes no Estado em 2018 (inclui internações, gastos médicos e reparações em pistas): R$ 1,26 bilhão
- Gasto a mais com diesel por transportadores devido às más condições das estradas no País: R$ 541,6 milhões
- Pontos críticos encontrados em Minas Gerais: 21
- 17 erosões em pistas, uma queda de barreira e três buracos grandes
Posicionamentos
A reportagem procurou as assessorias de imprensa do Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes (Dnit) e o Departamento de Edificações de Estradas de Rodagens de Minas Gerais (Deer-MG). O Dnit informou ter investido R$ 465 milhões no Estado este ano e que ainda estão previstos outros R$ 171 milhões no orçamento do órgão.
Já o Deer-MG afirmou que R$ 140 milhões já foram investidos em melhorias nas estradas mineiras em 2019, o que incluiu modernização de rodovias e recuperação de pontos críticos.