O presidente Jair Bolsonaro (PSL) desconversou, nesta quinta-feira, sobre a fala do filho dele, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), que defendeu uma nova edição do Ato Institucional 5 (AI-5), instrumento da didatura, para controlar possíveis avanços da esquerda no país.
Ao sair do Palácio da Alvorada, Bolsonaro disse que quem defende tão situação “está sonhando”. “O AI-5 já existiu no passado, em outra Constituição, não existe mais. Esquece. Vai acabar a entrevista aqui. Cobrem deles. Quem quer que seja que fale em AI-5, está sonhando. Está sonhando! Não quero nem que dê notícia nesse sentido aí”, afirmou.
O presidente não quis entrar na polêmica e na repercussão negativa das declarações do filho dele. Porém, lamentou o que Eduardo disse e ressaltou que caberia a ele arcar com o peso da fala.
“Olha, cobre você dele. Ele é independente. Tem 35 anos (idade de Eduardo), se eu não me engano, que ele é dono do seu (nariz)…. 35 não, tem uns 20 anos. Mas tudo bem. Lamento… Se ele falou isso, que eu não estou sabendo, lamento, lamento muito”, afirmou.
Na entrevista concedida ao canal no Youtube da jornalista Leda Nagle, Eduardo disse que será preciso dar uma resposta à esquerda, caso ela resolva radicalizar.
“Vai chegar um momento em que a situação vai ser igual a do final dos anos 60 no Brasil, quando sequestravam aeronaves, quando executavam-se e sequestravam-se grandes autoridades, consules, embaixadores, execução de policiais, de militares. Se a esquerda radicalizar esse ponto, a gente vai precisar ter uma resposta. E uma resposta pode ser via um novo AI-5, pode ser via uma legislação aprovada através de um plebiscito como ocorreu na Itália. Alguma resposta vai ter que ser dada”, disse o filho do presidente Jair Bolsonaro.
Mais cedo, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), reagiu fortemente as declarações do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), que defendeu o retorno do Ato Institucional 5, (AI-5), usado na ditadura militar para conter possível avanço da esquerda. Em nota, Maia disse que a fala é “repugnante” e passível de punição, por ferir os princípios constitucionais.
“Manifestações como a do senhor Eduardo Bolsonaro são repugnantes, do ponto de vista democrático, e têm de ser repelidas como toda a indignação possível pelas instituições brasileiras”, afirmou.