O presidente do Chile, Sebastián Piñera, reiterou nesta terça-feira (05/11) que não tem intenção de renunciar ao cargo e prometeu investigar qualquer denúncia de abusos cometidos pelas forças de segurança durante os protestos sociais das últimas semanas.
Em uma entrevista à rede britânica BBC, Piñera defendeu a declaração do estado de emergência no país como uma ferramenta “democrática e constitucional, para restaurar a ordem pública e proteger os cidadãos”.
O presidente explicou que, durante as duas últimas semanas, “dois fenômenos de natureza muito diferentes” coincidiram.
“Primeiro, e isso foi totalmente inesperado, houve uma enorme onda de violência. Violência que algumas pessoas praticaram de maneira muito organizada. Essa violência não pode ser tolerada, é contra a lei”, afirmou.
Por outro lado, ele também reconheceu como “legítimo” o direito dos cidadãos de “demonstrar, protestar” e exigir mudanças. “É claro que existem muitas queixas sobre o suposto uso excessivo da força ou mesmo crimes. Se isso aconteceu, posso garantir que será investigado pela nossa promotoria e que será julgado pelo nosso sistema judicial. Não haverá impunidade”, garantiu.
Quando questionado sobre as críticas que elevaram seu desempenho nesta crise e a queda de seu nível de aprovação, abaixo de 15%, segundo a BBC, o presidente se defendeu e negou que os chilenos tenham perdido a confiança em seu governo.
“Eu tenho fé, pois é minha obrigação como presidente, e jurei cumpri-la, que é melhorar a qualidade de vida de nossos cidadãos”, afirmou.
O presidente se defendeu lembrando que os problemas que afetam o Chile “vêm se acumulando nos últimos 30 anos”, embora ele assuma sua parcela de responsabilidade.
“O importante agora é como reagiremos como sociedade ao que as pessoas estão pedindo”, disse. Piñera também destacou as grandes mudanças que o Chile passou desde que recuperou sua democracia há três décadas.
“Conseguimos reduzir a pobreza de 65% para 8%. É uma história de sucesso, mas tudo mudou há duas semanas e espero que seja para melhor”, concluiu o presidente chileno.
*Com informações da EFE