O Tribunal de Santiago aceitou, nesta quinta-feira (07/11), uma denúncia contra o presidente do país, Sebastián Piñera, por crimes contra a humanidade. De acordo com o processo, esses crimes foram cometidos durante as manifestações que pararam o Chile nas últimas três semanas, deixando pessoas 20 mortas.
A acusação foi apresentada por um grupo de advogados que representam organizações de direitos humanos. Eles pedem investigações das violações registradas no país desde o dia 18 de outubro, quando as Forças Armadas foram às ruas conter e reprimir os protestos.
A denúncia pede que Piñera seja responsabilizado, “como autor, como chefe de estado e por todos os responsáveis como perpetradores, ocultadores ou cúmplices do crime contra a humanidade”.
Em resposta, o presidente chileno afirmou que “não tem nada que ocultar”. “Estabelecemos total transparência nos números porque não temos nada que esconder”, declarou, ao defender que todos os culpados terão de pagar por seus crimes, sejam eles membros das forças de segurança ou cidadãos comuns.
A denúncia contra Piñera foi aceita pelo juiz Patricio Álvarez e o assunto foi encaminhado ao Ministério Público.
No dia 18 de outubro, logo após o início das manifestações, Piñera decretou estado de emergência e convocou as Forças Armadas e a polícia para fazer a segurança dos cidadãos. No entanto, membros dessas forças teriam cometido pelo menos nove tipos de delitos, como homicídios, torturas, prisões ilegítimas, abusos sexuais, violações, além da destruição do globo ocular de mais de 150 pessoas causados por balas de borracha.
O Instituto Nacional de Direitos Humanos, por exemplo, verificou até o momento 1.778 feridos e cerca de 5 mil detidos. De acordo com a acusação, essas violações foram constatadas por diversos organismos nacionais e internacionais de defesa dos direitos humanos, como a Organização Mundial Contra a Tortura (OMCT), que denunciaram os crimes contra a população no momento em que esta exercia o direito a manifestação.
*Com informações da Agência Brasil