Enquanto o número de consumidores com contas em atraso despencou dois dígitos em todos os meses de 2019 entre a população mais nova, com faixa etária entre 18 e 24 anos, o volume entre os idosos, sobretudo aqueles com idade de 65 a 94 anos, registrou aumento no mesmo período. É o que apurou uma pesquisa da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) em parceria com o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil). Os resultados confirmam uma análise clara de ser percebida em época de economia fraca: os idosos se tornam arrimo de família e, muitas vezes, têm o nome negativado por não conseguirem quitar todos os compromissos financeiros do lar.
Para se ter ideia, em outubro, último mês de análise, a inadimplência entre os jovens recuou 21,6%. Entre os idosos, subiu 7,1% na faixa etária de 65 a 84 anos e 6,1% na população de 85 anos a 94 anos.
A presidente da Rede Ibero-Americana de Associações de Idosos do Brasil (RIAAM-Brasil), Maria Machado Cota, concorda com Souza e Silva. E vai além: diz que os aposentados veem minguar os rendimentos.
“Estamos experimentando uma redução acentuada nos benefícios previdenciários nos últimos anos. O rendimento cai ano a ano. Daí o rombo”, critica, acrescentando que aposentados e pensionistas ainda estão formalizados e, por isso, têm acesso a empréstimos com juros mais baixos, enquanto os jovens, muitas vezes, fazem parte do exército de desempregados ou ganham a vida na informalidade.
A pesquisa apurou que cada consumidor inadimplente deve, em média, R$ 3.254,78. Mais da metade (53,1%) têm dívidas de até R$ 1.000. Segundo a CNDL, 53% das dívidas em aberto no Brasil estão ligadas a instituições financeiras. O comércio, por sua vez, responde por 17% da fatia. O setor de comunicação foi responsável por 12% das pendências e as contas de água e luz, por 10%.