Essa melanina na pele me protege
De raios nocivos e me expõe
A olhares destrutivos.
Esse ardor que queima, inflama, derrama
De paixões fortes, marcantes, intensas.
Negro na pele, no cabelo, nos olhos
Seu olhar retrata a labuta dos tempos antigos
O preconceito dos dias de sempre
O infortúnio que causa nossa cor
Negro não é adjetivo, não é modo de se qualificar um indivíduo.
Negro é só uma cor, assim como branco.
Não era pra ser distinto
Mas assim nos fizeram dentro de navios vindos da África.
Nos trataram como mercadoria, escória.
Mas somos revestidos de glória, com nossa história de garra, sacrifícios, sangue e força.
Alegria constante nos rostos marcantes
Manchados de suor, que sempre se confunde com lágrimas.
Um sorriso lindo carregado de dor.
Em 1888, o papel assinado
Garantiu a libertação das algemas, das correntes e do chicote.
Novas batalhas começaram e os de minha cor se reinventaram
Construindo o Brasil e outros países no mundo.
Lindas vozes, entoando cânticos de protestos nos tempos antigos
Mensagens que ficaram para posteridade
Uma cultura rica, bonita e poderosa
Trajetória vitoriosa.
Preta, preto, nega, nego!
Sem preconceito, não é defeito um ser lindo assim.
Me chame com jeitinho, me tenha com carinho
Me trate por igual, porquê somos!
Quero meu povo nos teatros
Galãs de novelas
Mocinhas meigas e delicadas
Que sejamos treinadores de futebol
Presidentes de clubes, escritores e autores de renome.
Um presidente negro, uma criança igualmente tratada em um colégio tradicional.
Me tenham com respeito
Aceitem minha cor
Viva as diferenças, qual é a cor do amor?