A Colômbia enfrenta hoje (21/11) greve geral convocada por sindicalistas, estudantes, professores e indígenas. Parte da população de algumas cidades do país está organizando marchas contra as políticas econômicas e sociais de Iván Duque, presidente do país há apenas quinze meses e com 69% de desaprovação.
Na capital, Bogotá, há pelo menos doze marchas planejadas saindo de diversos locais e que têm como ponto final a Praça de Bolívar, a principal da cidade.
Na noite de ontem (20/11) o presidente Iván Duque fez pronunciamento em que afirmou que o direito de manifestação será garantido, mas que o governo está pronto para manter a ordem pública. Ele reconheceu que há problemas e reivindicações válidas e que está disposto a encontrar saídas e superar obstáculos.
“Ao mesmo tempo que reconhecemos o valor dos protestos pacíficos, também garantiremos a ordem e defenderemos, com todas as ferramentas que a nossa Constituição nos dá, o direito de todos os colombianos de viver com tranquilidade. Para isso, contamos com a nossa força pública, sempre esteve pronta para proteger a vida, os bens e a honra de todos os colombianos, sem exceção”, afirmou o mandatário.
Duque afirmou que, no entanto, há pessoas que se aproveitam desses momentos de manifestações para causar tumultos e destruição. “Há uns poucos que vêem nesse direito a protestar uma oportunidade de agitação baseada em mentiras e o único que buscam é gerar divisão entre os colombianos. Eles estão errados. Nosso país não quer voltar ao passado e este governo não vai permitir que alguns nos levem a velhas confrontações que já não têm sentido. Hoje, como sempre, todas as instituições do Estado estarão ao serviço dos cidadãos”, disse.
Na página do Twitter da Central Única dos Trabalhadores (CUT) da Colômbia, as principais reivindicações são o descontentamento com as privatizações e com as reformas da previdência e trabalhista.
Uso da Força
Ontem (20/11), Duque assinou o decreto 2087 com medidas para garantir a ordem pública e o direito de manifestação pública, pacífica e sem armas.
O texto do decreto dá poderes aos prefeitos das cidades para tomar medidas como: restringir e monitorar o movimento de pessoas por estradas e locais públicos; decretar o toque de recolher; restringir ou proibir a venda e o consumo de bebidas alcoólicas; requerer a ajuda das Forças Armadas nos casos permitidos pela Constituição e pela lei.
Além disso, o governo ordenou o fechamento das fronteiras terrestres e fluviais com Equador, Peru, Brasil e Venezuela e o controle migratório, entre a meia-noite desta quinta-feira (21) e às 5h da manhã da sexta-feira (22/11).
Apesar de o governo insistir que não haverá a presença da polícia, haverá deslocamento de 4 mil policiais para a capital, a serem distribuídos em diferentes áreas da cidade.
“Não solicitamos militarização ou algo semelhante. A Brigada do Exército XIII monitorará algumas instalações estratégicas e garantirá a proteção adequada de edifícios públicos, subestações elétricas e outras infraestruturas desse tipo. Mas não há nada que se possa chamar de militarização”, afirmou Enrique Peñalosa, prefeito de Bogotá.
Ainda em Bogotá, conforme divulgado no site da Secretaria de Segurança, Convivência e Justiça, haverá monitoramento da cidade através de mais de 4600 câmeras de vigilância, além de voos do helicóptero Falcão da Polícia, que transmitirá em tempo real imagens das manifestações para que sejam analisadas pelas equipes de segurança. A Polícia Metropolitana utilizará oito drones nas principais avenidas da cidade para monitorar a mobilidade e o trânsito.