Após ter realizado dois leilões à vista de dólares que não estavam programados nesta terça-feira (26) o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse nesta terça que o BC voltará a intervir no mercado nesta quarta-feira (27/11) se identificar movimentos “disfuncionais” na cotação da moeda.
“Se amanhã o BC entender de novo que há um movimento disfuncional e que há gap de liquidez, voltaremos a fazer intervenção. Mas essas intervenções não têm capacidade de alterar movimentos de longo prazo, que tem como origem bases macroeconômicas. Elas apenas atenuam o movimento de curto prazo”, completou.
Campos Neto reforçou que a autoridade monetária tem seguido o “princípio da separação” entre a política monetária e a política cambial. “Mais recentemente, tenho lido que minhas declarações têm gerado controvérsias. Mas as intervenções do BC são feitas para atenuar oscilações fora do normal no câmbio”, afirmou, no debate “Desafios para 2020, o Brasil que nos aguarda”, organizado pelo jornal Correio Braziliense.
O dólar voltou a fechar em alta nesta terça e renovou a máxima de fechamento nominal, com os investidores reagindo a declarações do ministro da Economia, Paulo Guedes, que afirmou que o câmbio de equilíbrio “tende a ir para um lugar mais alto”. Durante boa parte do pregão, a moeda norte-americana chegou a ser negociada acima de R$ 4,27. O dólar à vista fechou em alta de 0,61%, a R$ 4,24.
O presidente do BC disse ainda que continua em conversas para tentar que o projeto de autonomia da autoridade monetária seja votado ainda em 2019. “Estava com grande esperança de a autonomia do BC ser votada ainda este ano. Os países que adotaram a independência para o BC têm juros mais baixos”, completou, durante o debate.
Campos Neto reafirmou também que o BC adiantou o lançamento do sistema de pagamentos instantâneos no Brasil para o fim de 2020. Segundo ele, a plataforma em desenvolvimento será aberta a todos os agentes, 24 horas por dia nos sete dias da semana.
Mais uma vez, Campos Neto afirmou que o BC está mapeando todo o crédito privado no Brasil para a criação de um novo sistema de assistência de liquidez, que pode liberar espaço para que a autoridade monetária reduza em “dezenas ou centenas” de bilhões de reais o volume de depósitos compulsórios.
O presidente também listou o desenvolvimento do mercado de fintechs de crédito no país, elevando a competição no mercado dominado por poucos grandes bancos. “O BC sempre fazia reunião com os cinco maiores bancos. Mas agora tenho reuniões com fintechs também”, citou.
*Com informações do Estadão Conteúdo