Nem todo mundo sabe que caminho percorrer antes de concretizar o desejo de levar um pet para casa. Mais do que escolher o bichinho, é fundamental ter certeza de que o local de onde irá tirá-lo – seja ele comprado ou adotado – é legal e segue regras mínimas para proporcionar bem-estar e conforto ao mascote.
Quando decidiu comprar uma cachorrinha, a advogada Gláucia Fernandino de Castro sabia disso. Buscou referências entre amigos e pesquisou por quase 6 meses antes de escolher Skye, maltês que tem, hoje, 3 anos. “Cheguei a olhar outros canis, mas me senti mais segura no que escolhi, onde os filhotes só eram entregues a partir dos 3 meses”, conta.
Presidente do Conselho Regional de Medicina Veterinária de Minas Gerais (CRMV-MG), Bruno Divino diz que, além de se certificar de que o estabelecimento tem registro e responsável técnico, o tutor precisa conferir se o local é confortável e limpo. Caso os pets fiquem juntos, a dica é verificar se conseguem deitar-se ao mesmo tempo.
INDICAÇÃO – Canil escolhido por Gláucia, tutora de Skye, foi recomendado por uma amiga, que havia conhecido o local e atestado as condições de higiene e os cuidados com os cães: “Pesquisei muito, por uns 4 a 6 meses. Não foi uma decisão rápida”
“É importante observar se não têm muitos animais num espaço só, se estão todos limpos, têm água e comida e se são oferecidos brinquedos. São as cinco liberdades de que falamos”, reforça o médico veterinário, referindo-se às liberdades de dor e doença, fome, desconforto, medo e estresse e de restrições que os impeçam de expressar o comportamento natural.
Ainda segundo ele, os pets não devem ser misturados por espécie, nem colocados machos com fêmeas.
Adoção consciente
A bibliotecária Simone Ângela Faleiro van Geleuken é tutora de três cadelas – Preta, 9 anos, Judy, 2 e meio, e Paçoca, 1 e meio. À exceção da mais velha, encontrada na rua, as outras foram adotadas em instituições que resgatam e acolhem animais abandonados. “Mesmo que o critério de escolha seja sempre a história de sofrimento de cada um, não deixo de considerar o espaço que tenho em casa, as condições financeiras, a paciência para a adaptação e a dedicação”.
Voluntária na OPA Bichos, em Belo Horizonte, e uma das fundadoras da ONG, que resgatou, recentemente, mais de 50 animais encontrados em um canil clandestino, na Grande BH, Alexia Muzzi Dubois reforça que mesmo quando ao adotar é preciso considerar as características do animal. “Tem animais pequenos agitadíssimos. E outros, maiores, mas que se adaptam facilmente”, justifica.
POR AMOR – Simone é mãe de Preta, Judy e Paçoca, todas adotadas de forma muito consciente: “O olhar com que retribuem é incomparável”
Médica veterinária do Life Hospital Veterinário, Andréia Turchetti, pontua considerações fundamentais a serem feitas por quem pensa em ter um animal de estimação:
– Antes de adotar ou comprar um animalzinho é preciso ter certeza de estar preparado para cuidar da nova vida. Lembre-se que eles são lindos, mas são também bagunceiros e precisam de tempo para aprender a fazer as necessidades nos locais adequados, por exemplo. Eles também geram custos e serão 100% dependentes dos humanos por toda a vida
– Uma vez decidido que animal se deseja ter, é hora de escolher o companheiro ideal. O porte deve ser compatível com o ambiente onde ele viverá, assim como o grau de atividade
– Ao comprar filhotes, procure estabelecimentos sérios – os canis devem ser filiados ao Kennel Club. Peça para conhecer os pais do animal e o ambiente onde vivem. Todos devem estar bem cuidados, com peso adequado,em ambiente limpo, ter água à disposição e espaço para brincar e correr
– Peça a documentação do animal e verifique se foram dadas as vacinas e vermífugos necessários
– Se optar por adotar um bichinho, conheça sobre o comportamento dele. Alguns gatinhos, por exemplo, podem ser muito dóceis, outros vão necessitar de mais tempo e paciência para virarem companheiros.
– Seja qual for a escolha – adotar ou comprar – leve o animal para uma primeira consulta com o veterinário. Somente o profissional consegue avaliar e orientar sobre os melhores cuidados com cada indivíduo
– Castre seu cachorro ou gato. Dentre vários benefícios, a cirurgia evita doenças graves, como infecções e tumores, além de comportamentos indesejados como marcação de território, e ainda aumenta a expectativa de vida deles
O que diz a lei:
- Resolução do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) de 2017 estabelece, dentre outras coisas, que canis, gatis e abrigos para animais estão obrigados a manter registro no Sistema Conselhos Federal e Regionais de Medicina Veterinária (Sistema CFMV/CRMVs).
- Resolução do CFMV de 2014 dispõe sobre as diretrizes gerais de responsabilidade técnica em estabelecimentos comerciais de exposição, manutenção, higiene estética e venda ou doação de animais. Nestes locais, é obrigatória a presença de veterinário como responsável técnico.
- A fiscalização de estabelecimentos registrados que comercializam animais em Belo Horizonte é feita anualmente, conforme o Conselho Regional de Medicina Veterinária de Minas Gerais (CRMV-MG), mediante cronograma ou sob demanda, após denúncia.
- Tramita na Câmara dos Deputados, em Brasília, projeto de lei que proíbe o comércio indiscriminado de animais de estimação em locais públicos e fora de lojas autorizadas para este fim.Apesar de contrariar lei municipal que proíbe a entrada de animais em ambientes onde há venda de alimentos, o comércio de animais no Mercado Central de Belo Horizonte é mantido por força de liminar expedida em 2018.