O rompimento da Barragem B1 da Vale em Brumadinho, em janeiro deste ano, além de matar 257 pessoas, deixar 13 desparecidas e causar sérios danos ao meio ambiente, também impactou profundamente a produção industrial mineira no geral. Em 2019, a expectativa é de que seja registrada uma queda de 5%. No entanto, a expectativa de recuperação no setor para o próximo ano deve reverter o quadro e levar a um crescimento de 3,2% da produção industrial como um todo. A expectativa é da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), que divulgou nesta quinta-feira (5) o balanço anual e as projeções para o próximo ano.
A produção da indústria extrativa acumulou queda de 24,6% entre janeiro e setembro deste ano em comparação com o mesmo período de 2018. O mau desempenho do setor, do qual são dependentes vários outros no Estado, influenciou também quedas e estagnação em setores como o de serviços. A Fiemg, agora, espera que a retomada de operações em minas da Vale e o retorno das atividades da Samarco, em Mariana, influenciem positivamente nos indicadores econômicos para 2020.
Além da produção industrial, há também a previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) mineiro impulsionado pelas reformas estruturais no governo do Estado, pelas baixas taxas de juros e pela retomada da atividade extrativa. “Se o plano de recuperação [Regime de Recuperação Fiscal] passar, Minas vai crescer 5%”, chegou a cravar Flávio Roscoe, presidente da Fiemg.
Retomada da mineração deve ser uma das responsáveis pelo crescimento no Estado
Para Roscoe, a aprovação do Regime de Recuperação Fiscal (RRF) é fundamental para que o Estado retome a capacidade de cumprir com suas obrigações e, consequentemente, apresente um cenário mais atrativo e com consumo estimulado. “O pagamento dos servidores do executivo em dia é essencial para estimular o consumo das famílias e injetar recursos na economia”, completou.
Outro ponto destacado como essencial para a retomada são as taxas de juros praticadas atualmente, as mais baixas da história recente do país, conforme aponta a Fiemg. “As taxas como estão estimulam investimentos e o empreendedorismo, já que os ganhos passam a ser maiores para quem arrisca do que para quem mantém seu dinheiro em aplicações, por exemplo”, explica o presidente da Fiemg. Os setores com maior expectativa de crescimento são os de obras e infraestrutura.
Embora a expectativa apontada pelo presidente da Fiemg considere crescimento de até 5% para o PIB de Minas, as projeções dos especialistas da entidade são mais tímidas. De acordo com o estudo apresentado nesta quinta, a expectativa é de que o índice cresça 2,34% em 2020. A diferença, segundo Roscoe, se dá porque a equipe de especialistas tem um processo mais demorado e não consegue analisar o cenário mais recente. A expectativa é mais otimista, conforme explicou, porque ele enxerga o que está acontecendo agora e conversa com empresários, que, nas palavras dele, “estão mais confiantes e investindo mais”.
Emprego
O setor com maior índice de contratações no Estado em 2019 é o de Obras e Infraestrutura. No terceiro trimestre, mais de 8 mil vagas foram criadas no setor de construção. Somente as obras de reparação e descaracterização de barragens foram responsáveis por mais de 6 mil postos de trabalho.
Para o próximo ano, a expectativa é que o setor continue abrindo vagas, embora os índices devam ser menores do que o de crescimento econômico. A renda dos mineiros, por sua vez, deve continuar estagnada, já que o aumento depende de fatores mais complexos, como a demanda por funções específicas e a qualificação do funcionário, segundo explica Roscoe.
As taxas de juros mais baixas podem ser benéficas também para os cidadãos, já que, segundo o presidente da Fiemg, incentiva desde a contratação de crédito para consumo até investimentos e o empreendedorismo.