A chegada da estação chuvosa – uma preocupação que atinge não apenas as equipes de resgate que atuam na área afetada pelo desastre da Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho, mas também as famílias de vítimas – não vai interromper a operação de buscas pelas 13 pessoas que seguem desaparecidas.
Dentro desses abrigos, os bombeiros poderão seguir o criterioso trabalho de vasculhar à procura de sinais dos desaparecidos, carinhosamente chamados de joias nessa que é a maior operação do gênero no Brasil. As estruturas são enormes. Juntas, as lonas abrangem uma área de 15 mil metros quadrados, o mesmo que um campo e meio de futebol. Foram montadas nas proximidades do Córrego Ferro-Carvão, manancial cujo leito foi inundado pela liberação de lama da barragem rompida, e que é afluente do Rio Paraopeba. Nas cores branca, azul e laranja, as estruturas já mostram as marcas do trabalho de movimentação da lama vermelha da região. Cada uma tem 16 metros de altura, 150 metros de comprimento e 50 metros de largura.
Seis ventiladores potentes cumprem a função de trocar o ar da estrutura até três vezes por hora, mantendo a estabilidade e o controle ambiental do rejeito, para que os bombeiros possam ter essa opção de trabalho durante o período em que mais chove na região – historicamente, entre dezembro e março. “As buscas são nosso foco principal. Não mediremos esforços para que o Corpo de Bombeiros tenha condições de continuar seus trabalhos, mesmo em período chuvoso. A solução de engenharia que existir para que isso seja feito será buscada e implementada”, afirma Rogério Bueno Galvão, gerente-executivo da Vale para as obras de reparação em Brumadinho.
A necessidade dos abrigos se justifica pelo fato de, sob chuva a eficiência dos bombeiros não ser a mesma. “Quando o material (rejeito) está encharcado, as buscas acabam sendo prejudicadas e também a segurança de quem trabalha. A armação das tendas é uma forma de permitir o andamento dos serviços. Temos reuniões semanais com as famílias e o pedido que mais ouvimos é para que não interrompamos as buscas pelos desaparecidos”, afirma Galvão.
Sob proteção
Com o reforço das tendas, a área de lama e rejeitos que fica ao largo do Córrego Ferro-Carvão continuará sendo escavada pelas máquinas, mas o trabalho de vasculhar por restos mortais será realizado dentro do ambiente protegido. Toda a operação é coordenada pelos bombeiros e pela Defesa Civil, com apoio de 2.750 funcionários da Vale. “É muito importante que todos os que ainda estão debaixo da lama sejam encontrados. Acaba que a comunidade era muito pequena, então todo mundo perdeu alguém. Mesmo com chuva, é muito importante que as buscas não parem”, afirma o pedreiro Edson de Oliveira Cândido, de 40 anos, morador do Córrego do Feijão, bairro de Brumadinho que foi devastado pela lama. Edson perdeu amigos e o padrinho do filho de 11 anos, chamado Reinaldo.