Produção inspirada na heroína do clássico “O Idiota”, de Dostoiévski, o espetáculo mineiro “Nastácia”, gestado por seis anos até chegar aos palcos, é destaque nas principais premiações do teatro brasileiro. Indicado nas categorias direção (Miwa Yanagizawa), cenário e figurino (Ronaldo Fraga), melhor atriz (Flávia Pryamo) e melhor ator (Odilon Esteves), encerra o ano com sensação de missão cumprida ao ver a história não só ganhar o público como conquistar a crítica.
Idealizadora da produção e intérprete da protagonista, que dá nome à peça, a belo-horizontina Flávia Pryamo comemora as indicações aos prêmios Shell e Cesgranrio de Teatro. “A palavra é alegria. Foi uma luta persistente para captar recursos e realizar um trabalho do qual tenho tanto orgulho. O espetáculo retrata a realidade da condição feminina no mundo todo. É uma grande responsabilidade dar a Nastácia a voz de tantas mulheres”, enfatiza Flávia, citando nomes ao lado dos quais trabalhou.
“Cao (Guimarães), Chico (Pelúcio) e Rodrigo Marçal, Odilon (Esteves), Ronaldo (Fraga), Gabriel Lisboa e Tuca (Pinheiro). Essa turma que chamo de <CF36>dream team</CF> (time dos sonhos, na tradução)”, frisa a mineira.
Mineiros Odilon Esteves e Flávia Pryamo – que idealizou a produção – foram indicados no Prêmio Cesgranrio nas categorias melhor ator e melhor atriz
Na peça, a protagonista é uma mulher que, na noite do próprio aniversário, deve anunciar um casamento arranjado por um milionário que a transformou em concubina desde a adolescência. “O que mais agrada na história é a capacidade que teve de ampliar o olhar, de fazer com que as pessoas saiam do teatro com a consciência mais ativada para a realidade de uma mulher que, assim como outras, viveu situações de abuso físico e psíquico”.
Ronaldo Fraga
À frente do cenário-instalação, o estilista Ronaldo Fraga também celebra as indicações, dentre as quais está o próprio trabalho. Para ele, há três grandes motivos para comemorar.
“O primeiro tem a ver com o momento de apatia que vive o Brasil. Ver alguém perseguindo um sonho e buscando realizá-lo com afinco me move. O segundo é fazer com que a moda seja entendida como cultura, algo que procuro desde o início do meu trabalho. E o terceiro é ter certeza de que não abrir mão, nem por um minuto, da qualidade faz toda diferença”, coloca.
“Nastácia” estreou em BH em agosto e encerrou as apresentações este mês no Rio de Janeiro.