Os atuais 41 vereadores de Belo Horizonte terão um desafio grande para a eleição de 2020: provar aos eleitores que merecem continuar no cargo, mesmo após a atual legislatura ter sido manchada por denúncias de corrupção, tráfico de influência e até agressões físicas.
Cláudio Duarte e Wellington Magalhães, que perderam o mandato no segundo semestre de 2019, chegaram a frequentar o plenário e as comissões da Casa com tornozeleira eletrônica.
Em 2020, haverá, ainda, um dificultador para os partidos de menor porte. Isso porque o próximo pleito trará uma novidade que deverá mudar a estratégia de muitos candidatos: o fim da coligação proporcional.
Na prática, as legendas não poderão fazer alianças para lançar candidatos aos parlamentos municipais, conforme determinado por mudanças aprovadas em 2017 através de uma proposta de emenda à Constituição.
Para Murilo Hidalgo, diretor do Instituto Paraná, há grande chance de fortes mudanças na composição Câmara nas eleições de 2020.
“A renovação será grande em Belo Horizonte”. Segundo ele, o mesmo pode ocorrer em outras capitais. “Não basta mais um parlamentar ser da base do chefe do Executivo. Tem de mostrar serviço. Ainda mais com (o crescimento ) das redes sociais, em que os eleitores têm mais acesso às informações”, apontou.
Oswaldo Dehon, cientista político e professor do Ibmec, lembra que as eleições (passadas) trouxeram questões ligadas a movimentos sociais, como feministas, identitários, movimentos mais ligados ao presidente Bolsonaro.
“Foram movimentos que cresceram bastante na última eleição. Creio que, talvez, possa haver um aumento de vereadores ligados à esquerda, centro-esquerda… É preciso ver como vão ser tratadas as candidaturas a prefeito”, avaliou.
Coligação
Os dois especialistas defendem a tese de que o fim das coligações nas eleições proporcionais irá dificultar a vida de partidos nanicos, que sobreviveram pelas alianças com legendas de médio e grande portes.
“Para os pequenos partidos, deve dificultar. As siglas maiores tendem a atrair candidatos em função de ter chapas completas (postulantes à prefeitura), tempo (propaganda eleitoral gratuita) na televisão e no rádio. Vai ser uma tarefa mais difícil. Alguns partidos (pequenos) deverão lançar candidato”, disse o cientista político do Ibmec.
Ainda segundo Dehon, o fim das coligações proporcionais garante maior transparência ao eleitor.
Isso porque muitos não sabem que, quando havia a coligação entre chapas de vereadores, o voto no candidato de um partido poderia ajudar na eleição do postulante de outra legenda.
“Num futuro próximo, tende a ocorrer um efeito menos ilusório, sem o sujeito votando num candidato e elegendo outro”, reforçou Dehon.
A eleição ocorrerá em 4 de outubro de 2020. A lista dos 41 eleitos será divulgada no mesmo dia.