Amostras recolhidas em tanques da fábrica da cervejaria Backer, no bairro Olhos D’Água, região Oeste de Belo Horizonte, indicaram a presença de monoetilenoglicol e dietilenoglicol na água utilizada pela empresa na produção de cervejas. A informação foi confirmada em coletiva na tarde desta quarta-feira (15/01) pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
O coordenador-geral de Vinhos e Bebidas do Mapa, Carlos Vitor Müller, foi quem confirmou a contaminação. Segundo Müller, apesar das substâncias terem sido encontradas na água, ainda não é possível dizer como isso aconteceu.
“A gente encontrou essa água contaminada no processo produtivo e existem diversas hipóteses, já que o produto era usado no resfriamento e não deveria ter contato com a água. Não podemos falar em suspeitas maiores, mas há hipótese de sabotagem, de uso incorreto do insumo, de vazamento”, afirmou.
A Polícia Civil já recebeu notificação de 18 casos suspeitos de pacientes que apresentaram os sintomas da síndrome nefroneural, supostamente intoxicadas pelo dietilenoglicol. Destes, quatro casos já foram confirmados. Pelo menos duas pessoas morreram após apresentarem sintomas da doença, uma em Juiz de Fora e outra em Belo Horizonte.
Os levantamentos feitos pelo ministério indicam que “a contaminação (da água) ocorreu dentro da empresa”. E, como a Backer possui apenas um tanque de água gelada, há a hipótese de que toda a produção tenha sido contaminada. Por isso, o Mapa decidiu pela interdição da fábrica.
Nota técnica do Serviço de Inspeção de Produtos de Origem Vegetal de Minas Gerais (Sipov-MG) mostra que foram encontradas amostras de dietilenoglicol e monoetilenoglicol em três pontos: na água utilizada no resfriamento do mosto cervejeiro, na água residual que estava no resfriador de placas e no tanque de “cerveja em elaboração”.
Mosto cervejeiro é o nome dado ao processo de mistura dos ingredientes à cerveja. A água usada no resfriamento deste processo passa por uma espécie de serpentina no qual não deveria haver contato com os ingredientes.
Como na semana passada já haviam sida encontradas amostras das duas substâncias impróprias no tanque de fermentação de lotes da Belorizontina e da Capixaba, já são dois os tanques contaminados: um de resfriamento e outro de fermentação.
Até o momento, o Mapa já recolheu 139 mil litros de cerveja e 8.840 litros de chope da cervejaria.
Certo é que, caso seja comprovado o uso incorreto dos insumos, a Backer pode ter o registro cassado. Por enquanto, a cervejaria encontra-se interditada até o fim das investigações.