A Kia foi uma das marcas mais penalizadas pelo programa Inovar-Auto, que vigorou de outubro de 2012 a dezembro de 2017. O texto sancionado pela então presidente Dilma Roussef era uma pressão das montadoras nacionais diante da ameaça chinesa, como a JAC, que chegou fazendo barulho naquele ano. Em tese, o texto permitira livre importação desde que as marcas se comprometessem a construir fábricas por aqui. Quem não aderisse deveria pagar sobretaxa de 30 pontos percentuais sobre a taxa de importação, que é 35%, quando ultrapassasse o volume de 4,8 mil unidades.
A Kia foi uma dessas que não aderiu ao plano de construção e viu um volume 77 mil unidades emplacadas em 2011 despencar vertiginosamente desde então. No ano passado, a sul-coreana emplacou menos de 11 mil unidades. E o Rio é a tábua da salvação.
O compacto, que anda flertando com o mercado nacional há um bom tempo, chega no dia 28 de janeiro. No entanto, o carro já tem sido distribuído nas redes de concessionários, onde é possível saber tudo sobre ele, inclusive o preço.
Oferecida em duas versões, a opção de entrada, LX, será ofertada por R$ 68.990, enquanto a mais refinada, EX, tem preço sugerido de R$ 77.990. Debaixo do capô, o modelo será equipado apenas com motor 1.6 de 130 cv e caixa automática de seis marchas. Trata-se do mesmo conjunto mecânico do Hyundai HB20, que é seu primo. Inclusive os dois compartilham plataforma.
Acontece que o HB20 tem um leque imenso de versões, com preços iniciais abaixo dos R$ 50 mil, assim como demais concorrentes do segmento, como Onix, Argo, Ka e Polo.
O preço inicial de R$ 69 mil corresponde à versão mais sofisticada do HB20, com motor 1.6 e caixa automática. Já a versão topo de linha, que será vendida por R$ 78 mil, esbarra no preço do HB20 1.0 TGDI, que utiliza motor turbo três cilindros com injeção direta de combustível, mais moderno e eficiente que a veterana unidade 1.6.
A lista de conteúdos também não traz nenhum item em destaque. Ele conta com ar-condicionado digital (na versão topo de linha), direção elétrica, multimídia (com Apple CarPlay e Android Auto), vidros elétricos nas quatro portas, espelhos retrovisores com ajustes elétricos, luz diurna em LED e faróis de neblina. Seus rivais, como o HB20, contam com frenagem automática, o Polo tem quadro de instrumentos digital, itens que valorizam a decisão de compra.
O Rio é um automóvel bem quisto em outros mercados, como o Europeu. Mas não será fácil para a Kia convencer o consumidor a levar um carro mais caro e com menos tecnologia do que os rivais.