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“Em fevereiro, tem carnaval…” como diz a música, mas desta vez, à mineira, com um verso a mais: uma grande homenagem a Ouro Preto, na Região Central do estado. Com uma das folias mais animadas do interior do estado, e expectativa de receber cerca de 50 mil visitantes, a turística cidade traz como tema da sua festa em 2020 os 40 anos de reconhecimento como patrimônio da humanidade, título concedido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). A montagem da estrutura está adiantada, com destaque para os tapumes de proteção dos monumentos históricos, localizados na Ponte dos Contos, Chafariz dos Contos, Rua Getúlio Vargas, sentido Rosário, Praça Tiradentes e Rua Barão de Camargos, sentido Mariana.
Para dar mais beleza à cidade durante a festa, entre os dias 20 e 25, o Carnaval Patrimônio terá tapumes pintados com motivos alusivos à rica história local, incluindo igrejas, capelas, museus e outros tesouros coloniais. Será também o início das comemorações pelos 300 anos da Sedição de Vila Rica, cujo protagonista, Filipe dos Santos (1680-1720), se revoltou contra a cobrança de impostos pela Coroa portuguesa. Neste ano é comemorado também o tricentenário de Minas, pois, em 1720, a capitania se separou de São Paulo, o que representa, portanto, tripla comemoração. “Além de homenagear nossa história, pois o carnaval daqui é centenário, os tapumes trazem proteção para a vida humana”, diz do secretário municipal de Cultura e Patrimônio, Zaqueu Astoni Moreira. “Os turistas adoram fazer selfies tendo os tapumes ao fundo”, acrescenta, explicando que o patrocínio da folia, no valor de R$ 2,5 milhões, vem de uma fábrica de cerveja.
Na quinta-feira, uma reunião na Câmara de Ouro Preto com representantes de 15 instituições definiu a comissão encarregada da programação dos 300 anos da Sedição de Vila Rica. À frente está o presidente do Legislativo, vereador Juliano Ferreira, estudioso da história local e autor de dissertação de mestrado sobre o Morro da Queimada, sítio arqueológico que guarda vestígios da mineração no século 18 e um dos palcos da revolta de Filipe dos Santos. Além da prefeitura e da Câmara, o grupo é integrado por especialistas da Fundação de Arte de Ouro (FAOP), Museu da Inconfidência e outros.
FESTA HISTÓRICA
Pioneira no país a se tornar patrimônio da humanidade (1980), Ouro Preto recebeu o título não apenas pelo Centro Histórico, mas pela “cidade histórica”, informa Zaqueu. “A programação será uma boa oportunidade para enaltecer as raízes culturais, pois resgata, dos tempos da exploração de ouro, uma intriga contada de geração a geração.” Assim, a homenagem remete aos jacubas e mocotós, como eram chamados os habitantes, conforme a região onde moravam.
Desde o século 18, há rivalidade entre moradores dos bairros Antônio Dias e Pilar, decorrente da disputa entre irmandades das duas paróquias na construção das igrejas e capelas mais suntuosas. A contenda ficou estabelecida, então, com os dois lados bem demarcados: de um deles, a Paróquia de Nossa Senhora do Pilar, posterior reduto dos mocotós; de outro, a Paróquia Nossa Senhora da Conceição, futuro reduto dos jacubas.
Com muitos blocos que brincam pelas ladeiras, Ouro Preto tem o desfile de nove escolas de samba, com homenagem, neste ano, a nomes ilustres da cidade. Os desfiles serão nos dias 23 e 24 (domingo e segunda-feira) e as agremiações são as seguintes: Unidos do Padre Faria, homenageando Edson Gerônimo (Bigode); Acadêmicos do São Cristóvão (José Ângelo, in memoriam); Império do Morro Santana (Antônio Borges); Inconfidência Mineira (Antônio Sergio Ribeiro, o Dodô, in memoriam); União Recreativa de Cachoeira do Campo (Marcio Sávio Bretas, fundador da escola); Imperial (Vicente Gomes); União Recreativa do Santa Cruz (Fernando Marques); e Princesa Isabel (José Sérvulo dos Santos).
Na quinta-feira (20/02), às 23h, haverá o Baile de Máscaras, com show do bloco Baianas Ozadas, de BH. A festa promete fazer brilhar o Largo do Cinema, no Centro Histórico.