Depois de bater em R$ 4,40 pela manhã de sexta-feira (21/02), a alta do dólar perdeu força, em movimento puxado pela divulgação do índice dos gerentes de compra (PMI, na sigla em inglês) dos Estados Unidos, que veio com dados bem piores que o esperado.
Perto do fechamento, e com volume menor de negócios, a divisa passou a operar ao redor da estabilidade, com o investidor evitando fazer maiores apostas por conta dos dias que o mercado ficará fechado no Brasil no Carnaval, enquanto opera normalmente no exterior. Na semana, o dólar acumula alta de 2,15%, terminando a sexta em R$ 4,3927, novo patamar recorde do Plano Real.
O real teve o pior desempenho no mercado internacional de moedas esta semana, considerando uma cesta com 34 divisas. No México, o dólar subiu 1,90%, no Chile, 1,40% e na Rússia, 0,80%. Entre os países desenvolvidos, o pior desempenho ficou com o iene, onde a divisa americana avançou 1,65%.
O PMI composto dos Estados Unidos caiu este mês ao menor nível desde 2013 na leitura preliminar de fevereiro e fez a moeda americana rapidamente perder força no mercado financeiro internacional.
No Brasil, o dólar atingiu a mínima do dia após o anúncio do indicador, cotado em R$ 4,3725. Na máxima, foi a R$ 4,4066.
“O PMI está em território recessivo”, observa o economista da consultoria inglesa Capital Economics, Michael Pearce. O indicador caiu para 49,6 este mês e, pela metodologia, números abaixo de 50 pontos indicam contração da atividade. Com isso, aumentou o temor de que a economia americana também será afetada pela epidemia do novo coronavírus.
Até então, a visão que os impactos seriam mais limitados que em outras regiões do planeta vinha fortalecendo o dólar, fazendo o índice DXY, que mede o comportamento da moeda ante uma cesta de divisas fortes, atingir os níveis mais altos em três anos. Hoje o indicador caiu 0,60%.
A visão, no entanto, é que a tendência segue de alta do dólar no mercado internacional. O grupo financeiro holandês ING vê como uma “questão de tempo” até o DXY superar o patamar de 100 pontos, atingido pela última vez no começo de 2017. Eles observam que o dólar ainda segue como principal refúgio do investidor nestes tempos de incertezas com o coronavírus.
No Brasil, além da pressão do dólar vindo do exterior, o analista de moedas do Canadian Imperial Bank of Commerce (CIBC), Luis Hurtado, ressalta que vem contribuindo para o enfraquecimento do real a decepção com o ritmo da atividade econômica, o que realimentou expectativas de mais cortes de juros. Ele não vê o Banco Central cortando juros ao menos até o quarto trimestre, o que deve ajudar a dar algum fôlego ao real. A previsão do CIBC é de dólar a R$ 4,00 no final do ano.
*Com informações do Estadão Conteúdo