As barragens da Vale que estão classificadas no nível 3 para risco de rompimento, o índice mais elevado, apresentam uma piora gradual e podem ruir caso não ocorram intervenções nas estruturas, segundo o gerente de segurança de barragens de mineração da Agência Nacional de Mineração (ANM), Luiz Paniago Neves.
O alerta foi dado pelo especialista durante uma audiência nesta semana na Justiça Federal, que contou com a presença de membros dos ministérios públicos Estadual, Federal e do Trabalho, da Agência Nacional de Mineração, da Advocacia Geral da União e da própria Justiça Federal.
Segundo Paniago, as barragens que precisam de intervenções diretas são a Sul Superior, na mina de Gongo Soco, em Barão de Cocais; Forquilhas I e III, na mina da Fábrica, em Ouro Preto, ambas na região Central; e barragens B3/B4, na mina de Mar Azul, em Macacos, no distrito de Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.
Por causa da situação de risco nas estruturas, a presença humana “necessária para manutenção e diagnóstico da estrutura” fica impedida e já foram observados novos problemas que amplificam o risco de rompimento.
No encontro, ficou acordado que a Vale deve elaborar um plano de trabalho para reparos nas estruturas e apresentar às autoridades para aprovação.
Em nota a Vale informou que monitora todas as suas barragens e conforme o protocolo de segurança, as estruturas em nível 3 de emergência não podem ser acessadas e têm as Zonas de Autossalvamento evacuadas. “Mesmo assim, as estruturas são inspecionadas regularmente com o uso de helicópteros e monitoradas por instrumentos que permitem ao Centro de Monitoramento Geotécnico acompanhar as estruturas 24 horas por dia”.
A empresa disse também que dialoga de forma permanente com as autoridades, incluindo a ANM, para buscar alternativas para acesso controlado às estruturas. “Conforme entendimento recente com a própria Agência e demais autoridades, será feito um plano de ação em conjunto com auditorias técnicas independentes para permitir que os trabalhos sejam feitos de forma segura e controlada”.
Ainda segundo a mineradora não houve alteração nos parâmetros de segurança das barragens Forquilhas I e III, Sul Superior e B3/B4 ao longo dos últimos meses.
Balanço financeiro
A Vale divulgou nessa quinta-feira (20) o relatório com os resultados financeiros do quarto trimestre de 2019. Com esses dados, foram consolidados os resultados do ano passado, no qual a mineradora ficou marcada pela tragédia de Brumadinho, que já deixou 270 mortos e 11 desaparecidos. O episódio contribuiu diretamente para que fosse registrado um prejuízo de US$ 1,68 bilhão, aproximadamente R$ 7,4 bilhões. Trata-se de uma queda de 124,5% na comparação com 2018, quando a mineradora teve lucro líquido de US$ 6,86 bilhões.