Duas moradoras de Belo Horizonte estão internadas e isoladas com suspeita de coronavírus. A doença respiratória, que já matou 2.770 pessoas no mundo no último mês, teve o primeiro caso confirmado no país nesta quarta-feira (26). Os casos da capital ainda estão em investigação e aguardam resultados laboratoriais.
Conforme a Secretaria de Estado de Saúde (SES), uma das possíveis vítimas tem 57 anos e a outra 25. Ambas fizeram viagens internacionais para os mesmos destinos, mas não têm ligação entre si. “Apesar dos dois casos suspeitos terem história de viagem à Tailândia e Vietnã, não há vínculo epidemiológico entre eles”, informou a SES.
Por causa do risco de contaminação, as pessoas que tiveram contato com as mulheres estão sendo monitoradas.
Um terceiro caso foi identificado no Hospital Risoleta Neves e passou a ser atendido como suspeito. A paciente foi transferida para o Hospital Metropolitano Dr. Célio de Castro, o Hospital do Barreiro, e está em isolamento. Este caso, no entanto, ainda não recebeu confirmação do Ministério da Saúde como suspeito para a doença.
Histórico
As duas mulheres apresentaram alguns dos sintomas da doença – febre, tosse, dor de garganta e falta de ar – no último dia 22. Outra coincidência é que ambas procuraram hospitais na terça-feira (25), quando a SES e o Ministério da Saúde foram notificados.
Levantamento da SES revela que a paciente de 57 anos viajou com destino a Dubai, no dia 25 de janeiro, e esteve na Tailândia, Vietnã e Camboja. Ela retornou a BH no último dia 19. Após apresentar os sintomas da doença, procurou um hospital particular, onde está internada. A mulher apresenta “quadro de saúde estável”.
A segunda paciente, de 25 anos, foi para a Tailândia no dia 4 deste mês, passando por Vietnã e Cingapura, com conexões em aeroportos de Abu Dabi e de Madrid. Retornou ao Brasil 20 dias depois. Com sintomas do coronavírus, procurou o Hospital Júlia Kubitschek, onde permanece internada, também com quadro estável. Ela deve ser transferida para o Hospital Eduardo de Menezes, que é referência para doenças infecciosas.
“Ressaltamos que o Estado de Minas Gerais está tomando todas as medidas necessárias para contenção do vírus, conforme orientações do Ministério da Saúde e Organização Mundial de Saúde. A confirmação do caso em São Paulo corrobora o alerta já emitido e os fluxos já definidos. Todas as orientações para profissionais de saúde estão no site www.saude.mg.gov.br/coronavirus. Para a população em geral, permanecem as orientações para medidas de higiene respiratória”, informou a SES, em nota.
Além disso, a pasta determinou que todos os pacientes que apresentarem sintomas respiratórios e que em até 14 dias antes tenham histórico de viagem para área de transmissão ou que tenham tido contato próximo com caso suspeito ou confirmado da doença, devem ser notificados em no máximo 24 horas.
Desde o surgimento da doença, a SES foi notificada de quatro casos suspeitos, sendo que dois foram descartados.
Sem pânico
Mesmo com a circulação do vírus no país, o infectologista Estêvão Urbano tranquiliza a população. “Aconteceu algo que já era esperado, e todas as medidas de proteção foram adotadas pelo Ministério da Saúde. Não podemos subestimar a doença, mas temos que enfrentar o caso de forma madura”, declarou.
Na avaliação do médico, os hospitais do Estado estão se preparando para enfrentar um possível surto do coronavírus. “Todos os profissionais estão sendo devidamente treinados. 100% de preparo não existe porque é uma situação nova, que ainda é permeada de dúvidas”, admitiu.
Como medida preventiva para evitar que a doença se espalhe, o médico recomenda que as pessoas que estiveram em áreas de risco, como China e Itália, e apresentem algum sintoma da doença – febre, tosse, dor de garganta e falta de ar – coloquem uma máscara de proteção e compareçam a uma unidade de saúde.
“Além disso, toda a população tem que se acostumar a higienizar corretamente as mãos, com álcool em gel, de tempos em tempos. Essa medida ajuda a prevenir várias enfermidades”, destacou.
Balanço
O Brasil confirmou nesta quarta-feira o primeiro caso de coronavírus. É um homem de 61 anos que mora em São Paulo e esteve recentemente na Itália. Atualmente, o país investiga 20 casos suspeitos. Além dos dois de BH, são monitorados 11 pacientes em São Paulo, dois no Rio de Janeiro e Santa Catarina, e um no Espírito Santo, Paraíba e Pernambuco. No mundo, de acordo com a Organização Mundial de Saúde, são 81.245 casos em 43 países.