O decreto assinado pelo prefeito Alexandre Kalil, suspendendo a partir de hoje, em toda a cidade, o funcionamento de estabelecimentos com potencial para aglomerar pessoas – como bares, restaurantes e shoppings –, impôs, apesar de sua importância diante da pandemia da Covid-19, prejuízos ainda incalculáveis para os setores atingidos. Ontem, contudo, a expectativa pelos impactos de medidas de tal natureza na economia da capital cresceu ainda mais.
Alegando momento de “calamidade pública”, O Sindicato do Comércio Lojista de Belo Horizonte (Sindilojas-BH), que representa 35 mil estabelecimentos na Grande BH, assinou convenção coletiva de trabalho com a entidade que congrega comerciários, prevendo a concessão de férias coletivas, por 28 dias, também a partir desta sexta-feira, aos colaboradores desses estabelecimentos.
A expectativa é a de que, com a previsão do pagamento das férias antecipadas – divididas em três parcelas, na data do aviso, em 7 de abril e em 7 de maio –, tanto patrões quanto empregados não hesitem em paralisar as atividades.
“É uma medida até para proteger o emprego, para evitar o aumento do desemprego. Os empregadores, nesta época, estão buscando alternativas para os reflexos do coronavírus. Essas férias coletivas seriam uma dessas alternativas”, explicou Danielle Rocha, gerente executiva do Sindlojas.
Antecipação
Muitas lojas de Belo Horizonte que não foram diretamente afetadas pelo decreto 17.304, da PBH, limitado a negócios e atividades específicos, decidiram fechar as portas ontem mesmo, por conta própria.
A medida foi adotada, portanto, na véspera de a ordem municipal entrar em vigor e antes mesmo da assinatura da convenção prevendo férias coletivas aos comerciários.
Em apenas um quarteirão da rua Padre Eustáquio, uma das principais vias comerciais da região Noroeste e da própria cidade, quatro lojas de moda feminina não abriram na quinta-feira. Outras farão o mesmo a partir de hoje.
Bares e restaurantes buscam alternativas para ‘sobreviver’
Entre as medidas para amenizar perdas e reduzir custos, estão férias coletivas, substituição do self-service ou do prato feito (PF) por marmitex e fomento nas vendas por aplicativos.
As rígidas regras determinadas por Kalil levaram o próprio prefeito, durante uma live na tarde de ontem numa rede social, a pedir desculpas aos empresários e à população. Ele, contudo, sinalizou que estuda a possibilidade de amenizar o prejuízo do varejo em BH: “Já estamos em reuniões para ver como aliviar estas medidas duras e impopulares”.
Enquanto isso, cada empresário se vira como pode. Já que não será possível receber os clientes em mesas calçadas, bares vão improvisar balcões, na entrada dos empreendimentos, impedindo o ingresso dos fregueses.