Em resposta ao candidato à presidência do Cruzeiro, Sérgio Santos Rodrigues, os membros do Núcleo Dirigente Transitório divulgaram uma nota na noite desta sexta-feira (27/03), ameaçando deixar o comando do clube caso seja realizada a eleição no dia 21 de maio. Para o grupo, não se justifica fazer o pleito em meio à pandemia do novo coronavírus e que passar por duas eleições em um único ano será “catastrófico para a instituição”.
“Em maio o Brasil e o mundo ainda estarão sofrendo com o coronavírus e a sua consequente crise econômica. A intenção é que até outubro o conselho gestor dê uma continuidade ao trabalho, fazendo o que tem que ser feito, dando todo o respaldo para que o futebol siga bem em campo e atinja o objetivo principal, que é o acesso à Série A. Até lá a ‘casa’ estará mais arrumada, para então, democraticamente, se eleger o novo presidente do clube”, diz um trecho do comunicado.
Na quinta-feira (26/03), Sérgio Santos Rodrigues divulgou uma mensagem aos conselheiros informando que é a favor da manutenção das eleições no dia 21 de maio. Para o advogado, há maneiras de realizar a votação a distância sem que o Conselho Deliberativo possa se reunir.
O Núcleo Gestor disse que Sérgio Rodrigues está dividindo o clube em um momento difícil e que não vê outra saída a não ser retirar a candidatura de Emílio Brandi, indicado pelo grupo, e deixar o clube ao fim de maio caso a eleição no meio do ano aconteça. Para os membros, apenas o pleito de outubro deveria acontecer.
“Caso ocorra a eleição em maio, promovendo este ‘racha’, neste momento difícil do clube, não haverá candidato do conselho gestor e no dia 31 de maio o grupo encerrará suas atividades, com todos os gestores voltando a ser apenas torcedores”, ressaltou.
O Conselho Gestor frisou que vem trabalhando em várias frentes para melhorar a situação financeira do Cruzeiro – reestruturação da parte administrativa e a renegociação de dívidas com credores são algumas delas – e conseguiu resgatar a credibilidade do clube. Assim, caso haja a eleição em maio, todo o processo que está em andamento começaria do zero.
“A realização de duas eleições em apenas um ano vai paralisar, ou ainda voltar as negociações à estaca zero, atrasando um processo de retomada de crescimento, justamente quando o clube começa a engrenar, ganhar ritmo na área financeira, administrativa e institucional”, disse.
Mesmo diante da nota emitida pelo Núcleo Gestor, Sérgio Rodrigues afirmou que mantém a candidatura para a eleição em maio.
Confira a íntegra da nota emitida pelo Núcleo Dirigente Transitório:
Conselho Gestor: O Cruzeiro não suporta duas eleições em um ano
Os representantes do conselho gestor do Cruzeiro vêm a público manifestar seu posicionamento a respeito de duas eleições em apenas um ano e o andamento dos trabalhos de reconstrução do Cruzeiro Esporte Clube. Nessa quinta-feira, o candidato Sérgio Santos Rodrigues afirmou que as eleições no Cruzeiro devem acontecer de qualquer maneira, mesmo com a crise provocada pela pandemia de coronavírus.
Porém, o momento é de muita cautela, não apenas pelas consequências da doença que assola o mundo, mas também pela situação do próprio Cruzeiro, que voltou a respirar após ser completamente arrasado pelas antigas gestões, culminando com o rebaixamento e a maior crise financeira de sua história.
Em três meses com o conselho gestor o Cruzeiro passou por uma grande transformação, com muitas demissões, revisão e renegociação de contratos, e a diminuição de uma folha salarial de 16 milhões para menos de 3 milhões de reais. Foi contratada a empresa Kroll, para investigação corporativa, iniciada a negociação das dívidas dos processos na Fifa, a defesa para a manutenção do clube no Profut e renegociação das antigas dívidas com os credores. Tudo isso está evoluindo porque as entidades entendem que o Cruzeiro hoje é gerido por pessoas que buscam soluções para o clube, não qualquer tipo de vantagem. E o Cruzeiro voltou a ter CREDIBILIDADE, perante a todos.
A realização de duas eleições em apenas um ano vai paralisar, ou ainda voltar as negociações à estaca zero, atrasando um processo de retomada de crescimento, justamente quando o clube começa a engrenar, ganhar ritmo na área financeira, administrativa e institucional. E com uma reformulação recente no departamento de futebol. É necessário ressaltar, da maneira mais clara possível: o Cruzeiro será o mais prejudicado.
No conselho gestor não tem nenhum político para ficar fazendo conchavos e alianças, nenhum membro que ao longo das últimas décadas vem almejando a cadeira da presidência. Emílio Brandi, candidato, hoje é o representante do Conselho Gestor e já mostrou que não tem a intenção de continuar neste mundo político da instituição. E o conselho gestor ainda tentou fazer uma composição, na tentativa de evitar um dano maior para o clube com as eleições em maio.
Uma pergunta aqui se faz necessária para a outra chapa. Por que não usar o bom senso, para deixar que o trabalho tenha continuidade por um tempo minimamente razoável?
Todos sabem os motivos que levaram o Cruzeiro à crise, com o rebaixamento no futebol, o nome da instituição em páginas policiais, descrédito em todas as esferas e sem dinheiro nem para o vale transporte das cozinheiras da Toca.
A situação era seríssima e continua muito difícil. Com uma administração austera, após cortar despesas por todos os lados, o Cruzeiro ainda pode ser derrotado se não conseguir manter uma gestão eficiente e não honrar as dívidas com os processos na Fifa, com o possível rebaixamento à Serie C caso não faça os pagamentos.
Portanto, passar por duas eleições em um único ano, com um pleito em maio e outro em outubro, será algo catastrófico para a instituição. O momento é de todos trabalharem para a recuperação do Cruzeiro, não de convencer A ou B para tentar ganhar o seu voto.
Reiterando: em maio o Brasil e o mundo ainda estarão sofrendo com o coronavírus e a sua consequente crise econômica. A intenção é que até outubro o conselho gestor dê uma continuidade ao trabalho, fazendo o que tem que ser feito, dando todo o respaldo para que o futebol siga bem em campo e atinja o objetivo principal, que é o acesso à Série A. Até lá a ‘casa’ estará mais arrumada, para então, democraticamente, se eleger o novo presidente do clube.
Caso ocorra a eleição em maio, promovendo este ‘racha’, neste momento difícil do clube, não haverá candidato do conselho gestor e no dia 31 de maio o grupo encerrará suas atividades, com todos os gestores voltando a ser apenas torcedores.
Conselho Gestor do Cruzeiro Esporte Clube