Clubes de futebol do Brasil buscam soluções para encarar a crise financeira desencadeada pela pandemia do novo coronavírus e a consequente paralisação dos campeonatos. Ao analisar o cenário nacional, o diretor de futebol do Atlético, Alexandre Mattos, foi duro e disse que a situação econômica não apenas do clube alvinegro, mas de todos os outros no país, é “desesperadora”.
“A situação é desesperadora. Não vou mentir: é desesperadora. Os clubes de futebol do Brasil, e aí não é só o Atlético, você pode colocar até o que hoje estão em um momento financeiro melhor, como Flamengo e Palmeiras, todos necessitam dos bancos para fazer algum tipo de conta garantida, alguma situação de antecipação em cartão de crédito pelo sócio-torcedor”, disse, em entrevista à Band, na tarde desta quinta-feira.
Em 29 de março, o Atlético tomou a principal decisão para reduzir gastos durante a paralisação das competições, período no qual a arrecadação dos clubes cai drasticamente. Em documento assinado pelo presidente Sérgio Sette Câmara e o presidente do Conselho Deliberativo Castellar Guimarães Filho, ficou definido um corte salarial de 25% para todos os funcionários e colaboradores – incluídos jogadores e dirigentes – que recebessem mais de R$ 5 mil.
Para conseguir renda, os clubes, segundo Mattos, recorrem a bancos. Porém, nem sempre as operações financeiras – outrora consideradas recorrentes – são aprovadas pelos financiadores.
“Todos os clubes, no fim, (tem a mesma necessidade). O que muda são os valores que a televisão paga, a quantidade de pay-per-view, a quantidade de camisas, a quantidade de sócio-torcedor, porque o estádio de um cabe 15, o estádio do outro cabe 60. Então, o que muda é isso. Mas a busca pelo dinheiro é muito parecida, muito parecida. Hoje, o cenário é desesperador. Os bancos também estão com cenários de dificuldade. Então, eles próprios estão segurando algumas situações corriqueiras na vida de um clube de futebol”, prosseguiu o dirigente.
Futuro
Mattos prevê, ainda, uma possível perda de patrocinadores caso a paralisação dos campeonatos e de várias atividades financeiras prossiga por muito tempo. “Acho que, infelizmente, se isso se prolongar por muito tempo, é uma coisa natural de acontecer, como publicamente a gente já viu a Adidas, que é uma das grandes fornecedoras esportivas do mundo, atrasando cotas no Flamengo e no São Paulo”, disse.
“Se isso se prorrogar por dois, três, quatro meses, eu tenho muita preocupação com o que vai acontecer nos clubes de futebol do mundo, especialmente os daqui do Brasil”, completou.