Em menos de três semanas, os alunos da rede estadual de ensino de Minas Gerais voltarão a ter aulas. O retorno será remoto, no dia 4 de maio, com escolas fechadas e estudo direto de casa. A Secretaria de Estado da Educação (SEE) só deve detalhar nos próximos dias como será o ensino a distância, mas o Chamamento Público Emergencial nº 01/2020 para contratação imediata e temporária de profissionais para atuar na produção de teleaulas, como parte do projeto “Se liga na Educação”, Programa de Estudo Tutorado da Secretaria de Estado de Educação, permite antecipar o uso da TV como forma de chegar até as casas dos estudantes. O edital foi publicado pela Rede Minas, a emissora pública do Estado, que confirmou que vai destinar parte da sua grade de programação para a veiculação de tele aulas voltadas aos alunos da rede pública de ensino.
O chamamento informa que o “Se liga na Educação” é uma das três ações do Programa de Estudo Tutorado, que visa a realização de teleaulas pela SEE, referentes às atividades não presenciais decorrentes da situação emergencial vivenciada pela pandemia da COVID-19 e para possibilitar aos estudantes mineiros a continuidade aos processos de aprendizagem e assim minimizar as perdas dos alunos com a suspensão das atividades presenciais.
“Para a realização do projeto, a Rede Minas lançou edital para a contratação de 26 profissionais do setor audiovisual que vão dar suporte a produção das teleaulas. A previsão é de contratação imediata desses profissionais, que deverão atuar na emissora por um período de 120 dias”, informou a emissora, em nota.
Sem dar detalhes de como será a operacionalização do ensino remoto, a SEE informou afirmou que o planejamento foi pensado para promover a “máxima” inclusão e que o material pedagógico foi elaborado com a contribuição de diversas instituições e órgãos envolvidos na educação de Minas, incluindo o apoio de professores das redes estadual e municipais.
“Essa foi a forma mais inclusiva e cuidadosa de garantirmos a continuidade da aprendizagem dos nossos estudantes. Contamos com o apoio de cada um dos professores que poderão incrementar o material que foi preparado com muito cuidado”, afirmou a secretária-chefe da pasta, Julia Sant’Anna.
A secretaria afirmou ainda que entende que “nada substitui a relação presencial”, mas informou que, em um momento de isolamento social, novas estratégias precisam ser colocadas em prática. Já se sabe que o projeto tutorado, chamado internamente de “Se liga na educação”, tem duração prevista de até 120 dias, podendo ser encerrado antes, caso a situação da pandemia se encerre.
“Professores e especialistas terão a oportunidade de se aproximar das diferentes ferramentas que temos pensado com todo carinho para esse período de isolamento social na garantia que o processo de ensino e aprendizagem seja feito da forma mais inclusiva possível. O detalhamento de todas as medidas será divulgado na próxima semana”, afirmou a secretária-chefe da pasta, Julia Sant’Anna. Um dos formatos que é discutido, mas ainda sem detalhes, é o de uso da internet, para aplicação de exercícios.
A SEE ainda não informou como se dará o tira-dúvidas entre tutores e alunos e o processo de avaliação.
Nesta terça-feira (14), após quase um mês parados, voltaram ao trabalho diretores, vice-diretores, secretários de escola, coordenador de escola, Assistente Técnico de Educação Básica (ATB) e Auxiliar de Serviços de Educação Básica (ASB), além dos Inspetores Escolares que atuam nas Superintendências Regionais de Ensino (SREs). Tudo remotamente. Na quarta (22) que vem, voltarão os professores, também por meio de teletrabalho.
Repercussão
O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), por meio da Promotoria de Justiça de Defesa da Educação de Belo Horizonte e da Coordenadoria Estadual de Defesa da Educação (Proeduc), informou que acompanha a implantação que é feita do ensino tutorado, mas aguarda algumas respostas da SEE sobre como se operacionalizará o projeto para, só então, se posicionar sobre sua validade e eficácia.
De acordo com um diretor de escola estadual de Minas, que preferiu não se identificar temendo represálias, a classe docente vê com muita apreensão a implantação do ensino remoto porque muitos alunos não têm acesso à internet e há até mesmo professores que não têm computador.
Para o Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE/MG), é importante que as escolas permaneçam fechadas e que cada profissional permaneça em casa para que se evite a contaminação e disseminação do vírus no Estado. Sobre a implantação do ensino remoto, Denise Romano, coordenadora do sindicato, informou que o governo não detalhou a proposta e que, por isso, no momento, não há posicionamento do Sind-UTE.
Como assistir
A Rede Minas está no ar no canal 17 UHF ou 9.1 (HD) e 9.2 (SD); Net 20 e Net HD 520; Oi 09; One Seg (para celulares e portáteis) 9.3 e através do satélite Brasilsat C2 para a América Latina. O conteúdo também é disponível ao público pela Internet, através do site da emissora redeminas.tv e o aplicativo (redeminas.tv/aplicativoRedeMinas).