Foi concluída, nesta quarta-feira (15/04), a segunda etapa da construção do Hospital de Campanha no Expominas, em Belo Horizonte. A ação é uma das iniciativas do Governo de Minas no enfrentamento ao coronavírus, antecipando as necessidades que possam surgir com a pandemia da Covid-19. O hospital foi projetado para oferecer 740 leitos de enfermaria e 28 de estabilização, totalizando 768 vagas. A previsão é de que a unidade esteja preparada para receber pacientes no fim de abril.
A segunda fase da montagem contempla o mobiliário e enxoval hospitalar, adequação elétrica, rede de esgoto hospitalar e início da instalação gasométrica. Os leitos foram divididos em três blocos, que serão colocados em operação gradualmente. Nesta quarta-feira (15/04) foi entregue o Bloco Amarelo, que conta com 260 leitos de enfermaria e 28 de estabilização. Conforme planejamento, os outros dois blocos serão ativados mediante necessidade, sendo eles o Bloco Azul, com 220 leitos de enfermaria, e o Bloco Verde, contendo 260 leitos, também de enfermaria.
O governador Romeu Zema destacou que o objetivo do Hospital de Campanha é ampliar a capacidade de atendimento do sistema público de saúde de todo o Estado, especialmente da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). A finalidade é criar condições aos hospitais convencionais para atender sobretudo os casos graves e que precisam de Centro de Terapia Intensiva (CTI). Em caso de lotação das enfermarias dos hospitais convencionais da RMBH, poderão ser solicitadas ao Hospital de Campanha vagas de clínica médica para finalização dos tratamentos.
“Este hospital visa aliviar o nosso sistema de saúde, caso nós tenhamos uma sobrecarga. Agradeço a prontidão, agilidade e competência da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros para fazer em tão pouco tempo um hospital deste porte. Também agradeço à Fiemg e aos empresários que colaboraram. Nós só conseguimos fazer o hospital neste tempo tão curto e tão bem montado porque o Estado teve o apoio da sociedade civil. Estamos entregando a primeira etapa, com 28 leitos de estabilização e 260 de enfermaria. Gostaria que não fossem utilizados, mas nós não vamos arriscar em passar por uma crise tão grande sem termos leitos adicionais”, afirmou Romeu Zema.
A unidade de saúde funcionará sob o conceito de hospital fechado, ou seja, para a admissão de pacientes referenciados e com Autorização de Internação Hospitalar (AIH), preferencialmente do Sistema Único de Saúde (SUS) e acometidos pela Covid-19.
Zema ainda ressaltou o esforço do governo para preparar o sistema de saúde para o enfrentamento da crise. Segundo ele, cerca de 4% dos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) no estado estão sendo utilizados por vítimas do coronavírus, o que demonstra o resultado das ações de prevenção em Minas.
“Estamos ainda em uma situação confortável, talvez fruto das medidas que tomamos. Nós nos antecipamos, saímos antes de outros Estados que já estavam em estágio mais avançado de contaminação, e isso se mostrou muito acertado. Minas Gerais hoje está com uma curva que está caminhando para ficar horizontal, mas nada indica que esta tendência tende a permanecer, como já aconteceu em outros países. Estamos tomando todos os cuidados para que isso não ocorra aqui”, disse o governador.
Romeu Zema afirmou, ainda, que o Executivo segue empenhado em liberar novos leitos em todo o estado, além de trabalhar junto ao legislativo mineiro e o governo federal para buscar novos investimentos e medidas de compensação causadas pela crise da Covid-19.
“Além deste hospital, várias medidas foram e estão sendo tomadas. Nós fizemos um levantamento de todas as unidades hospitalares do estado e em muitas delas encontramos alas e leitos ociosos. Tudo isto está sendo colocado em disponibilidade caso venha a ser necessário. Vamos conseguir deixar pelo menos mais 2 mil leitos adicionais, o que é um número considerável”, finalizou.
Implantação
Os trabalhos de implantação começaram em 29 de março de 2020 – após visita técnica ao Hospital de Campanha do Estado de São Paulo -, com a montagem da estrutura modular no Centro de Convenções do Expominas.
Para coordenação dos trabalhos de implantação foi designada uma comissão conjunta pelos Comandos da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais, responsáveis pela logística, suprimentos, contratos e o pessoal necessário ao funcionamento do Hospital de Campanha.
O comandante-geral da Polícia Militar de Minas Gerais, coronel Giovanne Silva, destacou que a estrutura segue o padrão de hospitais tradicionais e possui capacidade para atender todas as necessidades dos pacientes.
“Apesar de temporário, o Hospital de Campanha possui um visível padrão de qualidade e oferta condição para que todos os pacientes saiam curados daqui. Foram mais de mil profissionais da PM e do Corpo de Bombeiros trabalhando 24 horas por dia para entregar essa estrutura em tempo recorde”, disse.
O trabalho de montagem está ocorrendo sob a coordenação da Diretoria de Apoio Logístico da Polícia Militar, por meio da empresa RBarros, especializada em montagens, com o auxílio de 900 militares do Curso de Formação de Soldados da Polícia Militar. A empresa foi contratada com recursos doados pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg).
A primeira etapa da montagem do Hospital de Campanha foi concluída no último dia 3 de abril, com a entrega da estrutura modular que abrigará os leitos, montados no pavilhão principal do Expominas.
O comandante-geral do Corpo de Bombeiros, coronel Edgard Estevo, enfatizou a parceria entre os órgãos de segurança e as secretarias de Estado para viabilizar o projeto.
“O Governo do Estado, a Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros estão trabalhando estrategicamente para entregar uma estrutura em condições de receber os pacientes, cumprindo a nossa missão de cuidar dos mineiros”, afirmou.
Após a conclusão desta segunda fase, serão realizadas as adequações dos contratos de serviço, ajuste dos protocolos médicos de funcionamento, disponibilização de equipamentos e insumos hospitalares, mensuração da necessidade de convocação de veteranos da área da Saúde das instituições militares, além da contratação de pessoal para atuar no corpo clínico e administrativo.
Parcerias
Até o momento foram investidos R$ 5,3 milhões na implantação e estruturação do Hospital de Campanha, por meio de recursos públicos e privados. Deste total, R$ 4,5 milhões foram recebidos em doações financeiras por meio de parcerias. A operação do Hospital de Campanha será financiada com recursos do Governo de Minas.
O presidente da Fiemg, Flávio Roscoe, destacou a união do governo e dos demais setores na preparação do estado para o enfrentamento da pandemia. Segundo ele, já foram investidos cerca de R$ 90 milhões em diversas ações.
“A indústria está se moldando para ajudar no que for necessário, e não apenas financeiramente. O Senai recebeu 40 respiradores que precisavam de conserto e, desses, já temos 28 prontos. Cada um deles poderá salvar até dez vidas. Parabenizo o governo por, antes da demanda, se preparar e construir essas estruturas para que possamos lidar com a pandemia em Minas. Espero que não precisemos usar nada disso e que tenha sido apenas uma ação preventiva”, afirmou.
Os profissionais que trabalharão no Hospital de Campanha serão, em sua maioria, oficiais e praças dos quadros de Saúde da reserva da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar, por meio de designação voluntária ou convocação para a missão. Além dos militares, haverá contratação, pela PMMG, de empresa ou entidade sem fins lucrativos com capacidade para prestação de serviços especializados em Saúde.
Há ainda tratativas para o apoio da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e Faculdade de Ciências Médicas, que cederão alunos do último ano dos cursos de Medicina, Enfermagem, Fisioterapia e Farmácia. O processo está em fase de discussão sobre o Termo de Cooperação Técnica para as respectivas parcerias. Destaca-se que, dentre as tratativas, é previsto também o emprego de médicos residentes do Hospital das Clínicas da UFMG, nas especialidades de Urgência/Emergência, Infectologia e outras.
Também participaram da entrega da segunda fase do Hospital de Campanha o vice-governador Paulo Brant, a presidente do Servas, Alexia Paiva, o secretário adjunto de Estado de Saúde, Marcelo Cabral, e o chefe do Gabinete Militar e coordenador estadual de Defesa Civil, coronel Rodrigo Rodrigues, e demais autoridades e parceiros na construção.