A disseminação do novo coronavírus terá um forte impacto na economia mineira. Segundo estudo divulgado ontem pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), o Produto Interno Bruto (PIB) – soma das riquezas produzidas no Estado – terá uma queda de 7% neste ano, acima da perspectiva nacional, que deve alcançar 5,7% também em 2020. Antes da pandemia, a projeção era de que a economia do Estado tivesse expansão de 2,34% e a do país, 2,17%.
De acordo com Daniela Britto, gerente de Economia e Finanças Empresariais da Fiemg, em Minas é esperado um agravamento da deterioração fiscal. “Além disso, as atividades da indústria e os serviços são mais concentradas que a nacional e tendem a registrar uma contração maior. Os setores industriais que mais contribuem para essa projeção de queda são o automotivo, refino de petróleo, autopeças e a siderurgia”, explica.
Segundo Isac Carlos Silva, economista da Fiemg, o grande diferencial de Minas é o peso maior da indústria de transformação, que deve ter uma retração de 8,5% no Estado neste ano contra 6,2% da nacional. “A queda é maior no Estado devido a essa composição, porque temos aí o setor automotivo, refino de petróleo (Regap), autopeças e siderurgia. E este peso é relativamente maior em Minas do que no Brasil”, explica.
No setor de serviços, que tem peso de 68% em Minas e 65% no Brasil, segundo o economista a previsão de retração é maior também no Estado: 8,8% contra 6,9% no país. “Quanto maior o peso, maior a expectativa de queda do PIB. Nós temos setores importantes no Estado como o de transporte, alimentação (bares, restaurantes, atacado e varejo) e esses são alguns dos motivos para que o PIB caia mais”, ressalta.
O levantamento “Impactos Econômicos e Setoriais da Pandemia do Novo Coronavírus” aponta também que a retomada do crescimento da economia no próximo ano será também mais lenta. A projeção é a de que o PIB de Minas cresça 3,3% contra 4,9% do Brasil. “Isso se deve a dois fatores, à bianualidade do café, que deve levar o setor agropecuário a crescer apenas 1,6% no Estado contra 3,2% no Brasil, e à projeção de crescimento do setor de serviços, que deve ter expansão de 5,2% no país e apenas 1,3% em Minas”, salienta Isac Carlos.
“Isso se deve à conjuntura do Estado. Tem problemas fiscais seríssimos e não possui nenhuma pauta como reforma da Previdência, administrativa, já concedeu aumento aos servidores públicos militares neste ano. As contas estão deterioradas e a capacidade de investir é bastante reduzida. É um cenário desfavorável e desafiador”, avalia.
O estudo da Fiemg não aborda a questão do desemprego, mas o economista da instituição avalia que as medidas adotadas pelo governo federal ajudaram bastante a minimizar o quadro. “Hoje, nós temos quase 5,5 milhões de contratos suspensos no Brasil; se incluir redução de jornada e salário, chega a quase 7 milhões de pessoas”, conta, lembrando que com o nível de ociosidade das indústrias, fatalmente o setor terá cerca de 3 milhões de desempregados no país neste ano.