O Cruzeiro conhece nesta quinta-feira seu novo presidente, que assume o clube oficialmente em 1º de junho, mas que desde a revelação do resultado já terá de começar a agir, pois seis grandes desafios cercam o seu curto mandato, já que em outubro a Raposa já terá novo pleito. As crises política, financeira e institucional ganham ainda neste cenário a companhia da necessidade de aprovação de um novo Estatuto, do pagamento de dívidas milionárias na Fifa e da disputa da Série B, onde o clube já entra com seis pontos a menos, justamente por não ter quitado na última segunda-feira um débito na entidade máxima do futebol referente ao volante Denílson, contratado em 2016.
O empresário Ronaldo Granata e o advogado Sérgio Santos Rodrigues disputam a eleição, num dia em que será escolhido ainda o novo presidente do Conselho Deliberativo do clube. Os concorrentes são: Luiz Carlos Rodrigues, Paulo Roberto Sifuentes, Giovanni Baroni e Paulo César Pedrosa.
Os dois eleitos terão o desafio comum de mudar o Estatuto do Cruzeiro, começando pela parte administrativa, pois ela é falha no controle da gestão do presidente. A questão eleitoral terá de ficar para 2021, quando será comemorado o centenário do clube, pois a regra para a escolha dos cargos diretivos não pode sofrer mudança em ano de eleições.
Dívida
Apesar de parecerem a mesma coisa, são distintas a crise financeira e as pendências na Fifa. Na entidade máxima do futebol, as penalidades são esportivas. E o clube corre até mesmo o risco de rebaixamento à Série C se deixar de pagar pela segunda vez uma mesma dívida.
No caso de Denílson, por exemplo, que o clube já perdeu o prazo na última segunda-feira, se na nova data determinada para pagar ao Al Whada, o valor não for pago, o Cruzeiro cai de divisão.
O total devido a clubes que recorrem à Fifa depende do câmbio, mas está em torno de R$ 100 milhões o que tem de ser desembolsado até dezembro deste ano.
As pendências na Fifa são as questões mais urgentes, pelas penalidades esportivas, mas representam cerca de 10% do total da dívida cruzeirense. O clube tem dezenas de ações trabalhistas e empurrou para o ano que vem o restante do pagamento dos salários de jogadores que ganham acima do teto de R$ 150 mil.
Política
Com o clube dividido, cheio de grupos, paz é tudo o que o novo presidente cruzeirense não terá. Além disso, vai ter de “atender” seus eleitores e com a pressão de nova eleição em outubro, pois este é um mandato tampão, apenas para cumprir o restante do tempo de Wagner Pires de Sá, que comandaria o clube no triênio 2018/2020.
Dentro dessa briga política, aparece a guerra dos dossiês e as denúncias. Muitas delas verídicas e que foram importantes para acabar com a farra da última diretoria eleita. Mas a imagem do Cruzeiro está mais do que arranhada.
Apesar dos milhões de torcedores, o clube, neste processo de batalha política, vive uma crise também institucional. Desafios não faltam ao novo eleito, que já tem a certeza de que antes mesmo da posse deve ter de arrumar cerca de R$ 10 milhões para pagar na Fifa outra dívida, essa referente ao atacante Willian, contraída em 2014. Se ela não for quitada em 28 de maio, serão 12 os pontos perdidos na Série B.