Um carro ficou parcialmente queimado nesta quinta-feira (28/05), quando estava no estacionamento de uma das minas da mineradora Vale, em Itabira.
As chamas tomaram conta do carro rapidamente e só foram controladas com a chegada de brigadistas da empresa. Ninguém se feriu.
Nas redes sociais muita gente relacionou o fogo a um suposto recipiente com álcool em gel que estaria dentro do veículo, o que não foi confirmado até o momento.
Álcool em Gel e Carros
Os cuidados contra o coronavírus fizeram com que, ao sair de casa, as pessoas carregassem mais que o kit básico carteira/chave/celular. Agora, é preciso somar a isso pelo menos máscaras para proteger o rosto e um recipiente contendo álcool para desinfetar aos mãos. E por este último ser inflamável, circularam pelas redes sociais alguns relatos de que a substância teria dado início a incêndio dentro de um veículo, nesta quinta-feira (28), em Itabira.
Consultamos um especialista na área, tiramos os empoeirados livros de química do ensino médio do baú e fomos pesquisar se havia a possibilidade dos relatos serem verdades.
Primeiro, porque seria impossível ter havido uma autoignição (popular combustão espontânea) do álcool em gel. O ponto de autoignição do etanol 70% passa de 300°C, temperatura impensável para o habitáculo de um veículo fechado, por mais horas que ele passe sob o sol. Além disso em uma situação de autocombustão, ele certamente explodiria e derreteria todo o plástico.
Tal incêndio só teria ocorrido de fato se houvesse uma fonte de ignição, ou seja, algum agente externo de calor capaz de provocar sua combustão.
Isso porque, se o ponto de fulgor do álcool (a menor temperatura na qual um combustível libera vapor em quantidade suficiente para formar uma mistura inflamável) é de 16,6°C, seu ponto de combustão está acima de 70°C.
Portanto, os relatos muito provavelmente seriam falsos. Deixar um frasco de álcool em gel dentro do carro, mesmo sob o sol, não é tão perigoso assim. Nem mesmo o seu pH será drasticamente afetado.
Mas é claro que há riscos: passar o álcool nas mãos e em componentes como painel, volante e câmbio, e logo depois acender um fósforo ou um cigarro dentro do veículo, por exemplo, potencializam riscos de incêndio.
E aqui vale lembrar: o fogo gerado pelo álcool em gel é invisível durante alguns segundos, o que atrapalha (e muito) o tempo de reação. Por isso, é recomendável usar o álcool em gel sempre com parcimônia e segurança, e isso não vale só para o carro.