Antônio Borges dos Santos, de 95 anos, e Luiza Francisca Pereira, de 89 anos, costumavam tomar sol juntos na varanda de casa em Rio Manso, cidade com pouco mais de cinco mil habitantes, na Região Central de Minas Gerais.
Os dois fariam 71 anos de casados em junho. Ele morreu no dia 17 de maio de Covid-19. Ela morreu neta quinta-feira (28) também vítima da doença.
“Quando minha avó soube da morte do meu avô disse que não ia conseguir viver sem ele. Aí ela piorou muito”, disse Lívia Luiza de Oliveira Borges, neta do casal.
Os dois tiveram 13 filhos, dois deles faleceram. Deixaram 30 netos, 33 bisnetos e cinco tataranetos.
“Meu avô já vinha passando mal com falta de ar tem um tempo. Ele estava sentindo muita dor, então decidiram internar ele na UPA de São Joaquim de Bicas. Foi onde ele faleceu. Não falaram que ele era um suspeito de Covid-19. Em sua certidão de óbito estava escrito que ele teve insuficiência respiratória, mas nada de suspeito. A UPA fez o teste. Saiu três dias após o falecimento dele”, disse Lívia.
Houve velório na pequena cidade o que motivou a Prefeitura de Bonfim, cidade vizinha, a convocar quem participou a procurar uma unidade de saúde.
“A população julgou a prefeitura e todos nós por falta de responsabilidade de termos colocado vidas em risco. Mas nós não sabíamos que ele era um suspeito e nem que havia confirmado”, disse Lívia.
Bonfim tem uma morte até o momento, segundo boletim da Secretaria de Estado de Saúde. Rio Manso tem três casos de Covid-19 confirmados, dois deles se referem a Antônio e a Luiza.
“Estavam sempre juntinhos e abraçados. Não podiam ver que estávamos vigiando que rapidinho paravam de abraçar. Foi bem difícil perder os dois em tão pouco tempo”, disse Lívia.