Enquanto o pico da COVID-19 não chega em Minas, algumas macrorregiões do estado já entraram em colapso do sistema de saúde. Segundo dados da Secretaria de Estado de Saúde (SES), os vales do Aço e do Jequitinhonha e o Triângulo Norte não têm sequer um leito de UTI disponível.
Na mesma toada, as regiões Central e novamente a Triângulo Norte não têm mais leitos de enfermaria à disposição da população. E a situação pode piorar em breve: nas regiões Leste, Nordeste e Noroeste restam menos de 10 leitos de UTI. Sobram, respectivamente, quatro, dois e cinco unidades.
No Vale do Jequitinhonha inteiro, são 26 leitos de UTI no total: 25 ocupados por outras internações e apenas um por paciente diagnosticado com COVID-19.
Já no Vale do Aço, os 156 leitos de UTI estão ocupados: 124 demais internações e 32 por COVID-19. Colapso também no Triângulo Norte do estado: dos 222 leitos, 211 estão ocupados por outras doenças e 11 por infectados pelo novo coronavírus.
No quadro geral, 70,43% dos leitos de UTI estão ocupados no estado. Minas dispõe 2.885 unidades desse tipo, 322 abrigam pacientes com o novo coronavírus.
A mesma plataforma do governo do estado informa que 2.827 leitos de UTI estão em produção em Minas Gerais.
Leitos de enfermaria
Se a ocupação dos leitos de UTI está na “zona vermelha” em Minas Gerais, a de leitos de enfermaria está ainda pior. De acordo com dados da Saúde estadual, 71,82% das unidades clínicas estão ocupadas.
No Triângulo Norte, todas as 758 das vagas disponíveis abrigam algum paciente, sendo 35 por diagnosticados com o novo coronavírus. Na Região Central, todos os 3.776 leitos estão ocupados, 616 pela COVID-19.
Nessa última região está Belo Horizonte. Segundo a prefeitura local, porém, a capital ainda tem leitos de enfermaria disponíveis, ao contrário do informado pelo estado.
Além dessas, a mais perto de um colapso é a macrorregião Noroeste: 91 dos 103 leitos estão ocupados, sendo apenas um pela COVID-19. Por outro lado, o Sudeste do estado tem mais unidades disponíveis que qualquer outro território: 908.
Secretário se posiciona
Diante desses números, o Secretário de Estado de Saúde, Carlos Amaral, afirmou que as equipes da secretaria fazem acompanhamento diário por meio do SUS Fácil.
Assim, quando há superlotação desses leitos de terapia intensiva, “é disparado um sinal para avaliar o que está ocorrendo. Se isso se refere a restrição assistencial. Os agentes se mobilizam para ações de ampliação e correção de possíveis desvios, baseando-se nos planos de contingência macrorregionais”, informou.
A Secretaria de Saúde de Minas (SES) solicitou ao Ministério da Saúde o credenciamento de mais 300 leitos, que, segundo o secretário, permitirá ampliação de leitos efetivos. “Além disso, solicitamos também ao ministério o envio de ventiladores”, completou.
Em nota, a SES informou que habilitou, nesta quarta (10), 328 leitos de UTI. “São leitos de UTI Adulto Tipo, para atendimento a pacientes com COVID-19 em estabelecimentos de saúde dos municípios do estado”.
Parâmetros
A taxa de ocupação de leitos é um índice fundamental para que as autoridades tomam medidas para frear a pandemia, como flexibilizar o comércio ou suspender mais atividades.
O parâmetro de infecção de outras pessoas por um indivíduo com a COVID-19 (R0) também é outro indicador importante. Segundo a última avaliação da Saúde estadual, em 4 de junho, Minas apresenta 1,27 de transmissão, o que está na chamada “zona vermelha”, a última da escala de risco.
Amaral disse que é feita uma consolidação semanal que permite mostrar a evolução do R0 e fazer projeções como capacidade instalada, casos previstos e necessidade de leitos clínicos.