A prefeitura de Itabira pretende fazer um inquérito epidemiológico para avaliar a prevalência da Covid-19 e sua evolução no município, com isso serão mais pessoas testadas para a doença na cidade. O inquérito é um projeto da Secretaria de Saúde de Itabira, em parceria com a Universidade Federal de Itajubá (Unifei) e está em fase de avaliação.
De acordo com a prefeitura, a amostragem definida no projeto será dividida por faixa etária e sexo por território sanitário. A ideia é testar 1.055 pessoas, que serão definidas por sorteio, a cada 15 dias, por quatro vezes. Serão então, ao todo, 4.220 testes rápidos realizados e a duração do inquérito é de dois meses. “O projeto foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) e aguarda sua aprovação, conforme versa a Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde”, informou a prefeitura.
A secretária Municipal de Saúde de Itabira, Rosana Linhares explica o objetivo do inquérito. “A pesquisa vai realizar um mapeamento da situação da transmissão do vírus no município. Então vai fazer uma pesquisa de como está a evolução da doença, a previsão do pico da Covid-19 em Itabira, uma previsão de ocupação dos leitos para ajudar nas tomadas de decisões do município. Como a doença é nova no mundo não se tem estudos conclusivos sobre ela e por isso sentimos a necessidade de fazer um estudo próprio acompanhando a evolução da doença no município para ter indicadores e números para ajudar nas medidas a serem tomadas”, justificou.
A pesquisa, segundo a secretaria, pode ser ampliada ou alterada a qualquer momento, vai depender da avaliação dos pesquisadores. O prefeito da cidade, Ronaldo Magalhães (PTB), explicou que, quando o projeto for colocado em prática, devem ser feitos testes nas 31 unidades básicas de saúde espalhadas pelo município. “A ideia é que eles sejam feitos nos bairros das pessoas, temos inclusive unidades de saúde na zona rural o que vai abranger bastante todo o território”, explicou.
O prefeito disse ainda que os testes serão feitos em parceria com a mineradora Vale. “A empresa já testa os funcionários dela e nós fazemos uma testagem da população. Agora será feita essa parceria com a mineradora. Vamos acelerar estes testes e queremos chegar a 12 a 15 mil testes na cidade”, almeja o prefeito.
Por meio de nota a Vale informou que “a empresa tem aumentado seu apoio a alguns municípios no processo de testagem, caso de Itabira, que contará com o apoio da Vale para a realização da testagem em massa. Dessa forma, uma parte maior da população poderá ser testada. A Vale atua em uma atividade considera essencial e continuará fazendo a testagem em massa de seus empregados sendo coerente com sua política de prevenção e combate ao coronavírus, que se iniciou com a doação de 5 milhões de testes ao Governo Brasileiro. A empresa acredita que o conhecimento e a informação – compartilhada com os órgãos competentes – são fundamentais para vencermos o Covid-19”, informou por nota.
ESPECIALISTA
O infectologista Leandro Curi vê o projeto como uma boa iniciativa e diz que seria benéfico outros municípios também adotarem a medida.
“Quando você testa por amostragem em bairros vilas e locais por sorteio, uma amostra não viciada, ou seja, com pessoas que aparentemente não estão sintomáticas, você vai ter uma proporção à medida que saem os testes positivos e negativos da abrangência do Covid-19 na população. A taxa de pessoas que foi infectada ou não. Então você pega uma amostragem percentual e leva isso para um contexto de população. Isso nos diz uma aproximação mais fidedigna, mais real, da taxa de infecção daquele município. Então isso ajuda muito, principalmente se for seriado para saber a taxa de infecção. Acho que deveria ser repetido em vários municípios”, explica o especialista.