A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) identificou uma mulher que se passava por representante de uma empresa internacional que vende testes rápidos de Covid-19. A suspeita, que já morou em Belo Horizonte, teria tentado comercializar os produtos que, na verdade, não existem, ao governo de Minas em abril no valor de R$ 134 milhões.
Segundo a PCMG, as investigações tiveram início em maio, quando o órgão recebeu informações da Controladoria-Geral do Estado sobre o caso. Conforme relatos, durante pesquisa de preços realizada pela Secretaria de Planejamento e Gestão de Minas Gerais (Seplag), a pasta recebeu a proposta no valor de R$ 134 milhões para fornecimento de 1 milhão de testes rápidos de Covid-19. A proponente se apresentava como representante comercial de uma empresa fornecedora desses exames.
Na ocasião, a mulher chegou a oferecer comissão para uma servidora pública, com o objetivo de garantir a escolha dela para fornecimento dos testes, o que configura crime de corrupção ativa. Ela disse que pagaria de R$ 5 a R$ 8 por cada teste comprado, ou seja, o valor total da propina poderia chegar a R$ 8 milhões. A tentativa foi imediatamente repassada pela Seplag aos órgãos competentes.
No início deste mês, foram cumpridos mandados de busca e apreensão contra ela em dois endereços: um em São Paulo e outro em Goiânia. Na ocasião, foram arrecadados documentos e materiais relacionados aos crimes de corrupção ativa e tentativa de estelionato contra o governo estadual. Ela não chegou a ser presa, mas as investigações continuam.
De acordo com o controlador-geral do Estado, Rodrigo Fontenelle, a ação policial foi possível devido ao caráter e a idoneidade de servidores. “A operação obteve sucesso graças a dois pontos importantes que devem ser destacados. Em primeiro, a atitude íntegra e ética da servidora pública que se recusou a receber uma comissão para favorecer a suposta empresa e, ainda, buscou combater a corrupção ao acionar os órgãos competentes para a apuração dos fatos. Em segundo, ressalto a articulação da Ação Integrada da Rede de Controle e Combate à Corrupção e a importância do trabalho em rede realizado pelos órgãos de controle, que culminou na operação MedTest”, ressaltou.
O delegado Gabriel Ciríaco explicou que, durante a operação que arrecadou documentos, ficou explícito que a investigada não tem nenhuma relação com a empresa fornecedora de testes. “Encontramos diversos cartões, com várias contas bancárias, mecanismos de armazenamento diversos e também conseguimos recuperar a imagem da conversa, via aplicativo de mensagem, em que a investigada oferece propina para a servidora do Estado”, detalhou.
A operação MedTest foi realizada pelo Departamento Estadual de Combate à Corrupção e a Fraudes (DEF) e contou com o apoio das Delegacias de Combate à Corrupção de São Paulo e de Goiás, bem como da Coordenação Aerotática (CAT) da PCMG, que realizou o transporte dos policiais civis à cidade de Goiânia.
Outro crime
A mulher, que não teve suas informações pessoais divulgadas, também é acusada de aplicar outros golpes. Ela tinha uma empresa em BH que realizava cerimonial de festas e, na véspera de uma comemoração de formatura, sumiu com o dinheiro dos formandos, por isso, ela teria se mudado da capital mineira.