O número de mortos na explosão no porto de Beirute subiu para 154, informou a agência de notícias estatal NNA, citando o ministro de Saúde do Líbano, nesta sexta-feira (7).
Hamad Hassan, chefe da pasta, disse que um em cada cinco pessoas dentre as 5 mil feridas precisou ser hospitalizada, e 120 permanecem em estado grave. Dezenas ainda estão desaparecidas e mais de 250 mil ficaram desabrigadas.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) está tentando reunir US$ 15 milhões para auxiliar o Líbano nas necessidades médicas. A explosão de terça-feira destruiu 17 contêineres com suprimentos médicos da agência, como equipamentos de proteção individual, afirmou em um comunicado o escritório regional da OMS para Oriente Médio.
Na noite de quinta-feira (6), um pequeno e violento protesto foi registrado perto da entrada do Parlamento libanês, no centro de Beirute. A polícia de choque foi enviada ao local depois que alguns manifestantes atearam fogo em objetos e atiraram pedras contra membros da força de segurança.
A população está revoltada com as autoridades por estas permitirem que uma grande quantidade de nitrato de amônio (material altamente explosivo), usado para fabricar fertilizantes e bombas, fosse armazenado por anos no porto sem medidas de segurança.
Possível negligência
Documentos obtidos pela CNN mostram que o nitrato de amônio estocado chegou a Beirute em um navio russo em 2013, que tinha como destino Moçambique. A embarcação parou na capital libanesa em razão de problemas financeiros e para que os tripulantes pudessem descansar, e nunca mais deixou o local.
A tripulação abandonou o navio, que foi confiscado pelas autoridades, e o nitrato de amônio a bordo foi armazenado em um hangar no porto.
De acordo com os documentos, Badri Daher, diretor da alfândega libanesa, alertou por anos sobre o “perigo extremo” de deixar a substância no local. À CNN, ele disse que funcionários da alfândega escreveram seis vezes às autoridades solicitando que a carga fosse removida do porto, mas os pedidos não foram atendidos.
Nesta sexta (7), outros documentos encontrados sugeriram que diversas agências do governo libanês foram informadas sobre o armazenamento do nitrato de amônio no porto, incluindo o Ministério da Justiça.
A empresa que representa a tripulação do navio russo divulgou um comunicado em que diz que enviou cartas em julho de 2014 a autoridades do porto de Beirute e ao Ministério dos Transportes “alertando para os perigos dos materiais transportados no navio”.
A CNN tentou entrar em contato com as pastas libanesas da Justiça e dos Transportes e com a administração do porto, mas não teve resposta.
Ainda de acordo com esses últimos documentos, autoridades alfandegárias emitiram avisos sobre os perigos da carga a um juiz. Mas este, que não teve o nome revelado por razões legais, respondeu várias vezes alegando que a embarcação e sua carga poderiam não estar dentro da jurisdição do tribunal. Com isso, o material permaneceu no local.