A empresa biofarmacêutica chinesa CanSino Biologics Inc, obteve, de autoridades do governo do país, a aprovação de patente da sua vacina Ad5-nCOV, ainda em testes para combater o novo coronavírus. Com a medida, a companhia, que é co-desenvolvedora do projeto em conjunto com a Academia de Ciências Militares da China, garante direitos de propriedade intelectual em relação às tecnologias empregadas.
O potencial imunológico desenvolvido pela CanSino se utiliza de uma técnica baseada no vetor de adenovírus recombinante. Citando documentos do regulador de propriedade intelectual do país, o jornal estatal People’s Daily informou, no domingo (16), que essa é a primeira patente de uma candidata a vacina contra a Covid-19 concedida pela China.
O jornal citou documentos publicados pela Administração Nacional de Propriedade Intelectual da China, dizendo que a patente foi emitida em 11 de agosto.
Neste mês, a Arábia Saudita informou que planeja iniciar os testes clínicos de fase 3 para a potencial vacina da CanSino. A empresa disse também estar envolvida em negociações com a Rússia, Brasil e Chile para lançar os testes de sua terceira fase nesses países.
Em junho, foi aprovado que a vacina da CanSino fosse aplicada em militares chineses, ainda antes da conclusão dos testes.
Com o anúncio da aprovação da patente, as ações da CanSino em Hong Kong subiram cerca de 14% na sessão da manhã desta segunda-feira (17). As ações da empresa em Xangai subiram 6,6% a partir do meio-dia.
Patente reforça diferenciais da potencial vacina
A concessão da patente confirmou “ainda mais a eficácia e segurança da vacina, que demonstrou de forma convincente a propriedade de seus direitos de propriedade intelectual (DPI)”, disse a CanSino em um comunicado enviado ao jornal Global Times no domingo.
Xu Xinming, um advogado de Pequim especializado em direitos de propriedade intelectual, disse ao Global Times que a China tem um sistema de exame de patentes comparativamente rigoroso e completo, exigindo que uma tecnologia ou produto seja fundamentalmente diferente de tecnologias e produtos similares existentes em todo o mundo para receber a patente.
“A concessão da patente demonstra a originalidade e criatividade da vacina”, disse Xu, observando que a CanSino também está provavelmente solicitando uma patente com autoridades estrangeiras para proteger seus direitos comerciais durante a cooperação internacional.
Também ao Global Times, um funcionário do departamento de relações públicas da CanSino negou as afirmações de que a concessão da patente teve qualquer relação com o processo de comercialização da vacina pelas autoridades, observando que as duas questões estão sob a supervisão de dois sistemas diferentes.
Porém Tao Lina, um especialista em vacinas baseado em Xangai ouvido pela periódico, acredita que a concessão da patente provavelmente facilitaria o processo de comercialização.
Especialistas consideram, ainda, que uma patente concedida oficialmente aumenta a confiança do mercado nas vacinas contra a Covid-19 desenvolvidas na China, especialmente no mercado internacional. Os EUA têm feito acusações de que hackers chineses estavam tentando roubar novos dados de coronavírus sobre tratamentos e vacinas.