O primeiro-ministro Shinzo Abe, o mais longevo primeiro-ministro do Japão, anunciou sua renúncia devido a problemas de saúde nesta sexta-feira (28). Horas antes, a rede estatal NHK havia antecipado sua intenção de renunciar à liderença da terceira maior economia do mundo, na qual ele buscava retomar o crescimento e reforçar suas defesas.
“Decidi que deixarei o cargo de primeiro-ministro, com a convicção de que não posso continuar sendo primeiro-ministro se não tiver a confiança de que posso realizar o trabalho que me foi confiado pelo povo”, disse Abe, 65, uma coletiva de imprensa.
Ele disse que vai deixar o cargo agora para evitar um vácuo político enquanto o país enfrenta seu novo surto de coronavírus.
“Peço desculpas do fundo do meu coração que, apesar de todo o apoio do povo japonês, estou deixando o cargo com um ano restante do meu mandato e em meio a várias questões”, disse Abe.
Esta é a segunda vez que Abe renuncia ao cargo de primeiro-ministro por causa de problemas de saúde. Ele também deixou o governo em 2007, após um ano como premiê, por motivos de saúde.
Entre os motivos na época, estavam os problemas com a colite ulcerosa, doença que ele agora controla com medicamentos que não estavam disponíveis anteriormente.
Abe lutou contra a doença por anos e duas visitas recentes ao hospital em uma semana levantaram questões sobre se ele poderia permanecer no cargo até o final de seu mandato como líder do partido no poder e, portanto, primeiro-ministro, em setembro de 2021.
Na segunda-feira (24), ele ultrapassou o recorde de mandato consecutivo mais longo como premiê estabelecido por seu tio-avô Eisaku Sato há meio século.
Sob críticas pela forma como enfrentou a pandemia do novo coronavírus e escândalos entre os membros do partido, Abe viu recentemente seu apoio cair para um dos níveis mais baixos de seu período no cargo.
O premiê aumentou os gastos militares e expandiu o papel das forças armadas, mas seu sonho de revisar a Constituição pacifista falhou devido à divisão da opinião pública.