O analista de Internacional da CNN, Lourival Sant’Anna, avaliou que o discurso do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, nesta terça-feira (22), na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), teve objetivo de eximi-lo da responsabilidade pelas mortes causadas pela Covid-19 no país.
“O objetivo do discurso de Trump é deslocar do governo dele para a China – e colateralmente para a OMS – a responsabilidade por essas 200 mil mortes de Covid-19”, avaliou Sant’Anna — acrescentando que, no início do ano, a Organização Mundial da Saúde, de fato, foi “complacente com a China, minimizou um pouco a ameaça e não foi totalmente transparente”.
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Para Sant’Anna, a fala de Trump – que citou a China ou os chineses por, pelo menos, 12 vezes – é uma tentativa de defender a resposta de seu governo contra a Covid-19 em um ano eleitoral — o presidente americano está atrás do democrata Joe Biden nas pesquisas. “É um discurso defensivo em relação à Covid-19 e ofensivo com relação à China”, observou
Por outro lado, o colunista apontou que o líder chinês Xi Jinping faz um esforço de deslocar a responsabilidade do país sobre a pandemia”. “A China escondeu a pandemia durante várias semanas iniciais que eram muito importantes para o mundo”, avaliou.
Trump cobrou que a China seja responsabilizada. “Ela proibiu os voos nacionais, mas permitiu que pessoas voassem para o restante do mundo e infectasse as populações. O governo chinês e a Organização Mundial da Saúde, que é virtualmente controlada pela China, disse que não havia possibilidade de transmissão de pessoa para pessoa, depois disseram que pessoas assintomáticas não espalhariam o vírus. Precisamos responsabilizar a China por suas ações”, afirmou Trump.
O presidente chinês Xi Jinping defendeu, nesta terça-feira (22), que “qualquer ação de politização e estigmação [da pandemia] deve ser rejeitada”. “A Covid-19 não será a última crise a confrontar a humanidade, então precisamos nos unir para enfrentar mais desafios mundiais. Todos os países estão conectados e temos um futuro em comum. Nenhum país ganha com as dificuldades de outro”, disse.