Apenas cerca de metade dos norte-americanos disse que tentaria tomar a vacina para a Covid-19 assim que uma estiver disponível, de acordo com uma nova pesquisa CNN feita pela SSRS. A porcentagem caiu desde maio.
Se uma vacina para o coronavírus estivesse amplamente disponível hoje a um custo baixo, 51% dos entrevistados na pesquisa disseram que tentariam se vacinar, 45% disseram que não tentariam e 4% não tinham opinião, de acordo com resultados da pesquisa divulgados na segunda-feira (5).
As respostas foram coletadas entre 1º e 4 de outubro.
Especialistas em saúde alertaram que se um número suficiente de pessoas optar por não tomar a vacina contra a Covid-19, os EUA podem não conseguir atingir a imunidade de rebanho para a doença.
A porcentagem de entrevistados na pesquisa que tentariam se vacinar diminuiu quando comparada com os resultados das pesquisas da CNN nos meses anteriores. Em maio, 66% disseram que tentariam se vacinar e, em agosto, 56% disseram que tentariam. Com 51%, os resultados de outubro mostraram a menor parcela até agora nas pesquisas da CNN.
A porcentagem de entrevistados que não iriam atrás da vacina parece ter aumentado ligeiramente em comparação com os meses anteriores: era de 33% em maio e 40% em agosto.
As respostas às pesquisas também parecem variar de acordo com o grupo demográfico.
Sessenta por cento das pessoas com 65 anos ou mais disseram que iriam tomar a vacina. Entre aqueles abaixo de 45 anos, 49% disseram que tentariam. Em outubro, 58% dos homens em comparação com 45% das mulheres disseram que gostariam se vacinar; 56% dos brancos em comparação com 44% dos negros disseram que tentariam.
Leia também:
OMS: 1 em cada 10 pessoas no mundo pode ter contraído Covid-19
Quando teremos uma vacina eficaz contra a Covid-19?
Demanda reprimida por pandemia já soma 700 milhões de procedimentos médicos
As respostas também variaram de acordo com a posição política: 42% das pessoas que aprovam o presidente Donald Trump, em comparação com 59% dos que desaprovam, disseram que tentariam se vacinar.
Em maio, 51% dos apoiadores de Trump disseram que tentariam se vacinar; em agosto, foram 38%; em outubro, 41%. Em maio, 79% dos apoiadores do candidato democrata Joe Biden disseram que buscariam uma vacina e, em agosto, 74%. Em outubro, caiu para 60%.
Ainda assim, a pesquisa descobriu que 61% dos norte-americanos estão confiantes de que os testes de vacinas em andamento estão equilibrando adequadamente a segurança e a velocidade, mesmo quando Trump apregoa que uma vacina poderia ser disponibilizada em breve.
A pesquisa da CNN foi conduzida pela SSRS de 1º a 4 de outubro entre uma amostra nacional aleatória de 1.205 adultos usando telefones fixos ou celulares, por um entrevistador (e não um robô). Os resultados da amostra completa têm uma margem de erro de amostragem de mais ou menos 3,3 pontos percentuais.
Preocupações sobre a hesitação da vacina
A hesitação de muitas pessoas em tomar uma vacina para a Covid-19 quando estiver disponível é uma questão que precisa ser tratada com urgência, segundo explicou o diretor dos Institutos Nacionais de Saúde, doutor Francis Collins, em setembro.
“Aqueles que hesitam em se vacinar tiveram suas dúvidas alimentadas por vários fatores que estão acontecendo agora, em particular a infeliz mistura de ciência e política”, afirmou Collins em um evento organizado pelas Academias Nacionais de Ciências, Engenharia e Medicina.
“Não quero que, daqui a um ano, tenhamos uma conversa sobre como temos em nossas mãos a solução para a pior pandemia de mais de 100 anos, mas não conseguimos convencer as pessoas a serem responsáveis”.
Como disse o doutor Anthony Fauci ao Wall Street Journal em setembro, as pessoas precisam entender que, se não houver gente vacinada o suficiente, uma vacina não ajudará a reduzir a propagação do vírus.
“É uma combinação da eficácia de uma vacina e quantas pessoas a recebem”, explicou. “Se há uma vacina que é altamente eficaz e poucas pessoas são vacinadas, não se tem o efeito completo e importante de ter uma vacina”.