Presidente de Infectologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), o infectologista e pediatra e Marco Aurélio Sáfadi afirmou, nesta segunda-feira (12), que é “correta e sensata” a declaração sobre as crianças serem as últimas na fila de uma eventual vacina aprovada contra a Covid-19.
Segundo ele, há dois motivos para que a eventual vacina seja aplicada primeiramente em grupos prioritários de adultos: uma razão técnica e outra de saúde pública.
“Os estudos que estão sendo conduzidos com essas vacinas e, caso tudo corra bem, vão permitir o licenciamento dessa vacina são testes em adultos. As crianças ainda não foram inseridas nesses estudos clínico.É uma etapa posterior desse estudo”, explicou ele.
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Com isso, Sáfadi defendeu que, com os dados atuais, “não nos possibilita implementar um programa de vacinação [contra Covid-19] com objetivo de vacinar crianças em larga escala no mundo”. “[Seria] vaciná-las sem saber como essas vacinas se comportam nesse grupo etário”, alertou.
“Há particularidades nos grupos etários que são importantes nós conhecermos antes de administrarmos esses imunobiológicos. De cara, esse ponto deixa as crianças para uma etapa posterior”, acrescentou.
O segundo motivo apontado pelo presidente de Infectologia da SBP é a questão de que, até o momento, a Covid-19 não se mostrou tão grave para crianças, segundo ele. “Até o momento, à luz das evidencias atuais, as crianças têm tido uma carga viral muito menos agressiva do que as demais faixas etárias”, disse.
“Se olharmos o número de mortes abaixo de 20 anos de idade, as crianças representam cerca de 0,1% a 02% nos diversos países em que esse vírus circula”, apontou. “Então é consistente que crianças ainda não foram identificadas como um grupo de maior risco para a ocorrência de gravidade associada a essa doença”, completou Sáfadi.
Volta às aulas presenciais
Sáfadi defendeu que, apesar do que dizem estudos, as crianças não são grandes vetores de transmissão do novo coronavírus.
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“O papel das crianças na transmissão tampouco é um fenômeno observado. Ao contrário de outras doenças, como a Influenza (gripe comum), nas quais elas são vetores relevantes de transmissão, isso ainda não foi observado com a Covid-19”, afirmou, mas ressaltou.
“Não é que elas não transmitam, claro que podem transmitir, mas não foram os principais vetores identificados”, considerou ele, que defendeu a volta às aulas presenciais a fim de evitar prejuízos de ordem cognitiva, psicológica e física.
“A interrupção das atividades escolares têm um prejuízo inequívoco para as nossas crianças – cognitivo, de saúde mental e física, especialmente em um país de grandes desigualdades”, avaliou ele, que sugeriu o retorno no cenário atual de queda na curva de casos e amparado de segurança sanitária, além de testagem para avaliar o que está acontecendo.
“É imperativo, porque o balanço dos danos e dos riscos tem nos mostrado que a manutenção da interrupção das aulas escolares, neste momento, é mais prejudicial do que um retorno de modo seguro, sensato e maduro”, concluiu.