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Os impactos do novo coronavírus vão além da mudança de hábitos imposta aos cidadãos isolados em casa ou nas unidades de saúde e àqueles que têm de sair para trabalhar. Não se restringem, ainda, aos efeitos da pandemia sobre as atividades econômicas em todo o país. Se a chegada da crise na saúde pública representou a restrição do direito de ir e vir, num curioso contrassenso, assumiu sinônimo de liberdade para uma parcela da sociedade que já vivia encarcerada. Entre março e maio último, 32,5 mil presos no Brasil ficaram livres das grades devido às medidas preventivas da Justiça e do estado contra a propagação do vírus.
O Estado de Minas ouviu especialistas sobre o tema e mostra os reflexos da COVID-19 no sistema carcerário brasileiro. A série de reportagens, que começa neste sábado (24/10), buscou respostas para indagações em torno desse fenômeno.
Houve impunidade? A gestão dos indicadores da doença respiratória foi feita da maneira correta? Vidas foram preservadas?
Parte dessas perguntas começam a ser respondidas pela pesquisa “O Sistema Penitenciário Brasileiro sob a Ameaça da COVID-19”, um raio x das cadeias espalhadas pelos estados brasileiros durante a crise na saúde pública, à qual a reportagem teve acesso com exclusividade.
O estudo inédito foi feito por dois professores mineiros, Ludmila Ribeiro e Alexandre Diniz, vinculados à Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e à Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas), respectivamente.
Minas Gerais ocupa lugar de destaque no levantamento, como terceiro estado com mais mortes provocadas pelo vírus, 10 ao todo; atrás apenas do Rio de Janeiro e de São Paulo.