Pesquisadores da Fundação Ezequiel Dias (Funed) começaram, nesta semana, a imunização de cavalos para a produção de soro contra o coronavírus. A finalização de lotes-pilotos com 5 mil ampolas para estudos clínicos está prevista para janeiro de 2021. O soro para o tratamento da covid-19 é desenvolvido a partir de anticorpos de cavalos imunizados pelo vírus inativado SARS-CoV-2. O uso do soro será restrito ao ambiente hospitalar a partir de prescrição médica.
“Esse é um projeto que demonstra os esforços e os investimentos do Governo de Minas em pesquisa, inovação e desenvolvimento de novos produtos para o enfrentamento da pandemia”, afirma o secretário de Estado de Saúde (SES-MG), Carlos Eduardo Amaral.
“A redução de casos no estado não significa que as ações do governo cessaram. Pelo contrário. Continuamos mobilizados e trabalhando em projetos de médio prazo, como é o caso da produção do soro que está sendo desenvolvido pela Funed”, observa Amaral.
Cenário
Em Minas Gerais, até o dia 05/11, foram registrados 364.541 casos confirmados de covid-19 e 9.128 óbitos. São 20.044 casos em acompanhamento e 335.369 pessoas foram recuperadas. “Enquanto não há tratamentos antivirais específicos e vacinas aprovadas, o desenvolvimento do soro deve ser considerado uma opção para o tratamento da infecção”, explica o chefe do Laboratório de Biotecnologia e Saúde da Funed e coordenador da pesquisa para o desenvolvimento do soro anti-covid-19, Sérgio Caldas.
Há mais de cem anos a Funed tem acumulado experiência para a produção de soro, além de contar com toda infraestrutura para o desenvolvimento do tratamento anti-SARS-CoV-2. A instituição dispõe de toda cadeia para desenvolvimento, produção e conhecimento existentes para a produção de soros antipeçonhentos, antitoxinas e antiviral em atendimento ao Sistema Único de Saúde (SUS) em Minas Gerais e no Brasil.
Segundo o coordenador da pesquisa, em uma única instituição, em Minas Gerais, estão disponíveis todos os requisitos necessários para o desenvolvimento do produto: a matéria-prima – o vírus circulante proveniente do diagnóstico e seu isolamento em laboratório com alto nível de biossegurança (NB3) –, a pesquisa científica e o parque industrial para produção em grande escala.
A partir de estudos clínicos para validação da segurança e eficácia do soro será solicitado o registro na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para a produção de lotes industriais em larga escala.
Investimentos
Por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), que aprovou o projeto, a Funed recebeu R$ 213 mil que estão sendo utilizados para as etapas de desenvolvimento do produto e testes de imunização. A produção dos lotes-pilotos irá receber investimento do Governo de Minas para a produção.
“Vamos otimizar os recursos orçamentários estaduais ao lançarmos mão de toda a nossa estrutura integrada. Além disso, não será necessário investimento em fábrica, pois vamos usar a mesma estrutura que a Funed já tem para a produção dos demais soros”, ressalta o presidente em exercício da Funed, Ronei Monteiro.
Ainda segundo Monteiro, todas as fases estão sendo executadas na Funed – da pesquisa científica e desenvolvimento ao produto industrial, “o que contribui para a otimização de toda a cadeia, com redução do tempo de produção e distribuição para o SUS”, reforça.