Por G1 Mundo
O Japão está recorrendo à inteligência artificial para chegar aos corações de seus cidadãos, que compõem uma população com uma das menores taxas de natalidade do mundo.
A partir do ano que vem, o país irá repassar a instituições locais verbas para projetos de tecnologia que facilitem o encontro entre as pessoas. Segundo a agência de notícias AFP, o valor total a ser distribuído pelo governo central será de cerca de US$ 19 milhões (cerca de R$ 97 milhões).
No ano passado, o número de bebês nascidos no Japão ficou abaixo de 865 mil, uma queda recorde na taxa de natalidade.
Alguns lugares no Japão já oferecem serviços de “busca” por parceiros, administrados por pessoas de carne e osso. Também existem ferramentas tecnológicas que costumam combinar informações como de renda e idade.
Veículos da imprensa japonesa relatam que, com o novo investimento, o governo pretende justamente fomentar sistemas mais sofisticados e caros que incluam também informações sobre preferências de lazer e valores pessoais.
“Esperamos que esse apoio ajude a reverter o declínio na taxa de natalidade do país”, disse um funcionário do governo à AFP.
O tempo é curto: a população do Japão deverá diminuir de 128 milhões de pessoas em 2017 (seu pico) para menos de 53 milhões no final do século.
Autoridades do país estão tentando garantir uma força de trabalho que consiga sustentar os crescentes custos da estrutura de bem-estar social.
Sachiko Horiguchi, antropóloga da Universidade do Templo do Japão, acredita que há melhores maneiras de o governo aumentar a taxa de natalidade, como ajudar jovens que ganham baixos salários.
A pesquisadora aponta para um estudo recente que sugere uma ligação entre baixa renda e perda de interesse em relacionamentos amorosos entre jovens adultos japoneses.
“Se eles não estão interessados em sair com alguém, encontros românticos provavelmente não vão adiantar”, disse Horiguchi à BBC.
“Se for para contar com a tecnologia, pode ser mais eficaz colocar robôs para cuidar do trabalho doméstico ou das crianças.”
Especialistas há muito apontam para a falta de apoio às mães trabalhadoras no Japão, onde é esperado, como em muitos outros lugares do mundo, que as mulheres acumulem as tarefas domésticas, o cuidado dos filhos e uma carreira profissional.
O Japão ficou uma posição ruim, em 121º lugar, entre 153 países no indicador de igualdade de gênero do Fórum Econômico Mundial 2019 — 11 posições abaixo do ano anterior.