No dia em que entra em vigor, novamente, o decreto que suspende o funcionamento de serviços não essenciais em Belo Horizonte, a maior parte das lojas do centro da capital amanheceu de portas fechadas.
A reportagem de O TEMPO percorreu algumas das principais vias da região na manhã desta segunda-feira (11). Na rua dos Goitacazes, ao menos duas lojas estavam com as portas abertas pela metade.
“Vim receber mercadorias que já tinham sido compradas. Assim que receber vou fechar a loja outra vez e aguardar. Os aluguéis aqui são caros, A situação está difícil, tem que pagar impostos”, disse o comerciante Bernardo Eustáquio de Oliveira, de 71 anos, que tem uma loja de têxtil há cerca de dez anos.
Na opinião do idoso, a falta de diálogo da Prefeitura de Belo Horizonte prejudica o comércio da cidade. “Eles sabiam que tinha uma segunda onda do Coronavírus e não deixaram os leitos dos hospitais. A tendência se não abrir é quebrar. O povo é trouxa, ninguém reage”, desabafou.
Na loja de cortinas e persianas, a reportagem foi recebida por um pintor. Ele disse que o responsável pelo comércio não estava e seguiu realizando obras no imóvel.
Supermercado abertos e trânsito ruim
Seguindo o decreto, supermercados seguem abertos normalmente. As lanchonetes e padarias funcionam apenas com retirada dos alimentos na porta.
Fiscais da prefeitura e agentes da Guarda Municipal acompanham a movimentação no cruzamento das ruas São Paulo e Carijós, próximo à praça Sete. O trânsito em alguns pontos, como a saída do elevado Dona Helena Greco sentido centro, apresenta retenções.
Nesta manhã está marcada, na porta da prefeitura, uma manifestação de comerciantes.
Estaca zero
O recuo na flexibilização, conforme o Sindicato de Lojistas de BH (Sindilojas), fecha aproximadamente 30 mil estabelecimentos a partir desta segunda-feira (11). “São 90 mil trabalhadores em casa”, estimou o presidente da entidade, Nadim Nonato.
O sindicalista reconheceu que os números da pandemia na capital são alarmantes, mas informou que, na semana que vem, vai tentar uma reunião com o prefeito Alexandre Kalil (PSD) para ajudar os comerciantes.
“O sindicato entende a posição da prefeitura, na questão de salvar vidas, o que, inclusive, é fundamental neste momento. Mas temos saída e podemos ajudar. Temos uma proposta que envolve a saúde e a economia”, disse, sem detalhar o plano.
Nonato afirmou que vai tentar negociar com a prefeitura, descartando entrar na Justiça para que o executivo reabra o comércio na cidade.